São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Senador usa termo dos bororos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado já não é o mesmo. Na ausência do sisudo José Sarney (PMDB-AP), o senador Júlio Campos (PFL-MT) vem assumindo a presidência da Casa.
Nessas ocasiões, tem recorrido a expressões que alteram o que Sarney costuma chamar "liturgia do cargo".
Na semana passada, por exemplo, Campos recorreu a uma expressão estranha ao ritual da Casa para informar que já havia esgotado o prazo de cinco minutos previsto para o discurso de um colega: "Chéri, fechou o balaio", disparou o presidente em exercício.
A palavra francesa "chéri" significa "querido" em português. Balaio, originalmente, designa um cesto de palha. Em linguagem chula, diz o "Aurélio", significa "nádegas".
A expressão "fechou o balaio" é frequente também no livro "Teresa Batista Cansada de Guerra", de Jorge Amado. No romance, serve para indicar uma greve de sexo promovida por prostituas.
A expressão já foi absorvida pelos colegas de Campos. Na terça-feira, ela voltou a ser invocada durante debate entre governistas e oposicionistas sobre o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Na presidência da sessão, Campos explicava aos oposicionistas que, pelo regimento, eles não podiam deixar o plenário para obstruir a votação.
Isso porque, ao pedir verificação de quórum, estariam "condenados a ficar".
O senador Esperidião Amin (PPB-SC) sentenciou: "Como diria um dos presidentes mais brilhantes que esta Casa já teve: 'chéri, fechou o balaio"'.
Como os índios
Campos explicou à Folha a origem da expressão.
"Fechou o balaio" é, disse ele, a expressão utilizada pelos bororos, tribo indígena do Mato Grosso, para indicar que uma discussão está encerrada.
"O pessoal gosta quando utilizamos a descontração para amenizar a tensão em alguns momentos", conta o senador.

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