São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Delegado montará novas delegacias

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O delegado da PF (Polícia Federal), Paulo Lacerda, 50, que se aposentou na segunda-feira, será responsável pela montagem de duas delegacias especializadas em crime do colarinho branco, uma no Rio e outra em São Paulo.
Lacerda aprofundou-se no assunto ao investigar, em Brasília, o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello e seu tesoureiro, Paulo César Farias.
Ultimamente, era responsável pelo inquérito dos créditos fictícios do Banco Nacional, no valor de R$ 5 bilhões.
Para montar as delegacias especializadas, Lacerda será contratado pela PF com o cargo de DAS (Direção e Assessoramento Superior), com salário de R$ 400, segundo informou. "Não estou fazendo isso pelo dinheiro", disse.
Lacerda afirma que pretende trabalhar durante "uns três ou quatro meses" na montagem das delegacias e depois vai deixar "em definitivo" a PF.
Verbas
O delegado, quando foi transferido para o Rio, em janeiro, já recebeu a incumbência de montar as delegacias. Mas teve que parar o trabalho para tomar a frente das investigações do Banco Nacional.
O diretor do Departamento de Polícia Federal, Vicente Chelotti, está negociando com o Ministério da Justiça a verba para as duas delegacias, que serão feitas nos moldes da divisão do crime de colarinho branco de Brasília, criada a partir das investigações do caso PC/Collor.
Evolução
Com 35 anos de trabalho, dos quais 20 na Polícia Federal, Lacerda diz que, mesmo tendo experiência anterior na área fazendária, foi com o caso PC/Collor que conseguiu evoluir na técnica de apurar crimes financeiros.
"No começo do caso PC, éramos eu e um escrivão. Depois, com o número de documentos e fatos que a gente foi atrás, o grupo foi aumentando até que passou a ocupar meio andar (da sede da Polícia Federal) em Brasília."
Lacerda diz querer implantar no Rio e em São Paulo os programas de computador que foram desenvolvidos para apurar o caso PC, principalmente os de rastreamento de contas bancárias e de cruzamento de dados.
"Foram quatro anos nos aprofundando nisso e verificando aspectos novos na área do crime", disse Lacerda, que gostaria, com as novas delegacias, "que se desse continuidade ao trabalho, melhorando as condições" existentes.
Lacerda diz que, com o caso PC/Collor, "conseguiu algum know-how, uma experiência adicional". "Quero deixar isso para outros colegas que estão iniciando agora", disse.

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