São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Serra assegura que não será candidato em S. Paulo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Planejamento, José Serra, descartou ontem definitivamente a possibilidade de se candidatar à prefeitura paulistana.
"O meu trabalho em nível federal é importante", disse ontem Serra. "Seria uma honra ser prefeito de São Paulo, mas cada escolha tem a sua hora certa. Nesta hora, o momento é de ficar."
As declarações do ministro foram dadas ontem, por volta das 18h, depois de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB).
Covas tentou, durante todo o dia, convencer Serra a se candidatar. Eles se reuniram com FHC no Palácio do Alvorada pela manhã e no Palácio do Planalto à tarde.
Serra chegou a "balançar" nos últimos dias com o convite.
Mas tomou a decisão final depois do anúncio de que o PFL paulista havia definido o apoio a Celso Pitta, candidato do PPB. Pitta foi escolhido por Paulo Maluf para substituí-lo na prefeitura.
A coligação entre PPB e PFL foi oficializada na manhã de ontem em São Paulo pelos pefelistas por 36 votos contra uma abstenção.
Antes do meio-dia, Covas ainda acreditava no adiamento dessa decisão. O governador chegou a ligar de Brasília para o ex-deputado João Leite Neto (PFL) perguntando se o apoio do PFL ao PPB havia sido adiado. A resposta foi negativa. Covas ainda foi informado que Maluf participara da reunião com os pefelistas.
"Então era um jogo de cartas marcadas", reagiu o governador.
Com a decisão, os pefelistas cederam a Pitta seus 13 minutos diários (aproximadamente) no horário gratuito de TV (ver quadro à pág. 1-5). Essa teria sido a principal razão da desistência de Serra.
Serra também temia, como candidato do presidente FHC e, por tabela, do Plano Real, ser atacado diretamente pelos dois candidatos com maiores chances hoje.
Luiza Erundina, do PT, com 32% das intenções de voto (Datafolha de maio), e Francisco Rossi, do PDT, com 29%, tenderiam, com Serra no páreo, a atacar fortemente a atual política econômica e seus efeitos sobre o desemprego.
Mas, nos bastidores, foi a habilidade política de Maluf que costurou o apoio do PFL ao PPB.
Animado com pesquisas que mostravam forte rejeição do eleitorado em relação a Erundina (índice de 41%) e a subida de Pitta nas intenções de voto (de 3% em abril para 6% em maio), Maluf foi a Brasília na quarta para convencer a cúpula do PFL a se coligar ao PPB.
Maluf teria estado com o presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, com o vice-presidente da República, Marco Maciel, com o senador Antonio Carlos Magalhães e com Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara dos Deputados -todos do PFL.
A amarração feita por Maluf resultou na decisão majoritária do PFL em aliar-se ao PPB.
Cumprimentado mais tarde por um amigo, Maluf disse: "É verdade, mas devia ter aprendido a fazer isso há 15 anos".
Na cúpula do PSDB, a avaliação é que o acordo PFL-PPB deu uma desculpa a Serra -que não teria muita vontade de ser candidato- para desistir de uma vez.

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