São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Dever

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
VOCÊ, FÃ DO AUTOMOBILISMO, TEM UM DEVER NESTE DOMINGO.

Acorde cedo, cancele o almoço na casa da mamãe, guarneça a geladeira. Leia os jornais, memorize todos os dados.
E, se for possível, troque a poltrona pelo sofá, mais confortável para o sono. Nunca se sabe. No emocionante automobilismo norte-americano tudo pode acontecer. Até mesmo nada.
A segunda edição da "guerra da secessão" movimenta os EUA neste fim-de-semana. E, no Brasil, resolvemos tudo da maneira mais clara possível: tudo é "Fórmula Indy".
Fórmula, apesar das "Series" norte-americanas não se denominarem fórmulas. Mas tem que chamar assim, afinal, precisa ter alguma coisa de F-1.
IRL ou IndyCar tanto faz. Todo mundo quer é ver os bólidos na pista. A primeira, com seu irresistível apelo violento. A segunda, com nosso exército de pilotos, grandes defensores da honra nacional.
Mas nem é preciso escolher. Uma começa quando a outra está acabando. Basta estar com o estoque de cerveja completo para aguentar a maratona de quase seis horas.
A fórmula da emoção, no entanto, não vale para a F-1. A possibilidade de qualquer um vencer só funciona na América.
A vitória de Olivier Panis foi sorte, um absurdo, acaso. Todo mundo quebrou. O francês apenas sobreviveu nas ruas de Montecarlo.
Que grande bobagem. Panis fez a corrida de sua vida em Mônaco. É claro que não chegaria à vitória se Hill e Alesi não abandonassem.
Mas jantou seus adversários de forma arrojada, jogou o carro em cima de Irvine -em poucas palavras, fez um corridão.
Mereceu vencer, tanto ou mais que qualquer sobrevivente esperto de 500 milhas que leva a sorte grande após 3 horas e meia de disputa.
Fã do automobilismo, assista às corridas. O que interessa é o esporte. Não o que se fala.

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