São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Espetáculo combina melancolia e humor

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM GLASGOW

Até realizar "La Tristeza Complice", que estreou em setembro passado, Alain Platel nunca havia utilizado a música como ponto de partida.
"Antes a música circundava a ação não interagia. Agora ela se integra ao espetáculo, provocando harmonias e dissonâncias", diz Platel.
Ex-ortopedagogo, ele diz que resolveu se dedicar à dança por se tratar de uma arte que prescinde das palavras.
"Na vida há mistérios que as palavras não podem expressar", justifica o coreógrafo.
Sobre "La Tristeza Complice", Platel explica que, além da música, não seguiu um tema definido.
"Mais do que uma história, mostra um ambiente compartilhado por pessoas diversas. A partir daí, as coisas vão acontecendo."
Ele disse que a decisão de incluir crianças no elenco surgiu por acaso. "Mas, aos poucos, tornou-se uma necessidade. As crianças criam uma atmosfera agradável, embora muitas vezes sejam cruéis."
"Elas não têm meias palavras. Quando não gostam de uma coisa, dizem diretamente. Isto me fez pensar que, se estavam apontando problemas, algo podia estar realmente errado."
Solidão
Com várias ações simultâneas, a peça traz no título o sentimento predominante dos personagens: a solidão de cada um, mesmo quando se pertence a uma comunidade.
Apesar de conter certa melancolia, "La Tristeza" faz do humor um de seus principais elementos. Representando a vida real, seus personagens misturam alegria e tristeza.
Entre os dez dançarinos, destaca-se a soprano Eurudike De Beul, que canta magistralmente ao mesmo tempo em que integra a ação, como um anjo caído no inferno.
Jovens instrumentistas do Conservatório de Música de Antuérpia, eles revelam a infinidade de imagens que o genial arranjo de Van der Harst concedeu à obra de Purcell.
(AFP)

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