São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Bienal terá retrospectiva de Arnulf Rainer

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

A curadora austríaca Brigitte Huck e a artista plástica brasileira Inés Lombardi, radicada na Áustria, estão na cidade para a formalização da participação do país na 23ª Bienal Internacional de São Paulo, entre 5 de outubro e 8 de dezembro.
Optando por um surpreendente e bem-vindo xenofobismo às avessas, a Áustria escolheu Inés Lombardi para representar o país, que contará ainda com uma sala especial para o expressionista Arnulf Rainer, que foi convidado pela própria Bienal.
"É um grande orgulho para a Áustria que Arnulf Rainer tenha sido convidado e seja colocado no mesmo time de Louise Bourgeois e Anish Kapoor. Será muito interessante ver duas linhas da arte austríaca", disse Brigitte Huck, responsável pela participação da Áustria no evento.
Rainer comparece com uma retrospectiva que englobará desde seus primeiros desenhos surrealistas até trabalhos de body-art e overpaintings, em que o artista trabalha sobre outras obras de arte e fotografias.
"O interessante é que grande parte dos trabalhos provém da sua própria coleção. Arnulf Rainer sempre ficou com os melhores trabalhos e tem se negado a vendê-los", disse Huck.
A mostra de Rainer será curada pelo artista e por Gerwald Sonnberger, diretor do museu de arte contemporânea de Passau, na Alemanha, perto da fronteira com a Áustria. "Rainer tem um estúdio perto dali e os dois estão sempre em contato", disse.
A artista conceitual Inés Lombardi ainda não definiu o trabalho com que participará da Bienal e aproveitará sua estadia na cidade para aprofundar suas pesquisas. Sabe que serão fotografias e objetos que se relacionam com o tempo, o ambiente, com o olhar do espectador e com as situações geradas por essa interação.
"O único momento real de meu trabalho é o momento da percepção do espectador. Seu contato é também com o tempo e o espaço", disse Inés Lombardi.
A pesquisa de Lombardi se baseia na investigação das circunstâncias de apresentação e percepção da arte. A artista fotografa suas criações e posiciona essas fotos em novos arranjos e espaços.
O procedimento de Lombardi lida novamente com a questão da aura na obra de arte. Assim como rejeita a aura, ao priorizar referências de espaço e tempo e a forma como estas são percebidas, também dá ao objeto uma nova aura ao priorizar o contexto em que é observado, restaurando assim seu caráter de unicidade.

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