São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Neocomunistas rejeitam estatização

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Partido Comunista da Rússia divulgou ontem o primeiro resumo oficial de seu projeto econômico para as eleições presidenciais do dia 16 de junho. O partido promete não reverter as privatizações feitas pelo presidente Boris Ieltsin.
A declaração, divulgada pelos deputados neocomunistas da Duma (equivalente à Câmara dos Deputados), dizia que a política econômica iria enfatizar os interesses nacionais da Rússia.
"O curso das reformas econômicas radicais seguidas desde janeiro de 1992 levou a resultados catastróficos", dizia o texto.
"É óbvio que o verdadeiro objetivo dos 'reformistas' foi a destruição da economia sob o discurso demagógico de separar o Estado do gerenciamento econômico."
Ilegalidade
Os neocomunistas disseram que não pretendem nacionalizar a propriedade privatizada durante os últimos quatro anos, a não ser que tribunais julguem que houve ilegalidades nas privatizações.
"As forças patrióticas nacionais não planejam uma nova redistribuição da propriedade", dizia a declaração. "A estatização de empresas privatizadas anteriormente só é possível em ligação com decisões judiciais, e se a legislação existente foi violada na privatização."
Nas últimas semanas, o partido havia dado algumas indicações sobre o seu programa econômico, mas ainda não havia publicado um documento completo.
As autoridades do partido já vinham enfatizando a necessidade de retomar a produção e reverter anos de recessão. A preocupação foi novamente colocada no documento divulgado ontem.
"A economia da Rússia não pode ser simplesmente direcionada à exportação de matéria-prima. O crescimento econômico só é possível por meio de um aumento da produção para o mercado interno", dizia a declaração.
Reformas de mercado
Desde que o presidente Boris Ieltsin, que tenta sua reeleição, lançou reformas de mercado, as empresas russas, acostumadas com planos centrais e subsídios, têm encontrado dificuldades em se manter. O país produz hoje metade do que produzia antes.
Muitos dizem que a boa colocação do neocomunista Guennadi Ziuganov nas pesquisas eleitorais ocorre por causa da recessão.
Os neocomunistas também prometeram que não vão tomar empréstimos no exterior para erguer a economia. "Na esfera das relações econômicas exteriores, nós vamos garantir a proteção dos produtores russos e recusar o aumento na dívida externa." A Rússia deve cerca de US$ 120 bilhões.
O atual governo obteve um empréstimo de pelo menos US$ 300 milhões para logo após as eleições.
Diferentemente dos neocomunistas, as prioridades do governo Ieltsin são a estabilização do rublo internacionalmente e a queda da inflação, seguindo orientação do Fundo Monetário Internacional.

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