São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Indy nega hoje Indianápolis, sua origem

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A BROOKLYN (EUA)

Consuma-se hoje nos EUA, com transmissão ao vivo para todos os continentes, a separação da Indy e da prova que lhe deu origem, as 500 Milhas de Indianápolis.
Trata-se do capítulo decisivo de uma novela que se arrasta por mais de uma década: a cisão entre o Indianapolis Motor Speedway, sede e organizador das 500 Milhas, e a IndyCar, que dirige a Indy.
Um dramalhão que pode ser resumido a uma peça de três atos.
Primeiro: surge, em 1911, a prova das 500 Milhas de Indianápolis. O sucesso é tamanho que, em pouco tempo, se organiza um campeonato, que acaba chamado de Indy.
Segundo: o IMS controla a competição ao longo das décadas e a faz ganhar destaque, especialmente nos EUA. As 500 Milhas constroem fama mundial e chegam a integrar o calendário da F-1.
Terceiro: em 1979, os donos de equipes da Indy se unem, fundam uma associação (a Cart, mais tarde chamada IndyCar) e passam a controlar o campeonato.
As 500 Milhas seguem como a etapa mais famosa, mas o IMS, cada vez com menos poderes políticos, ameaça retirar sua prova.
Pode-se dizer que a história chega hoje ao seu ponto culminante. O IMS concretizou seus planos, retirou a corrida e o dono do circuito, Tony George, organizou um campeonato paralelo ao da IndyCar, a IRL (Indy Racing League).
A IndyCar, por sua vez, partiu para o confronto e faz uma etapa sua no mesmo dia das 500 Milhas.
O dia é hoje. Às 13h (de Brasília), será dada a largada das 500 Milhas de Indianápolis. Às 15h, começa a US 500, sexta prova da Indy em 96.
A primeira é a corrida mais famosa do mundo. Vencê-la é a glória. Forma, com as 24 Horas de Le Mans (França) e com o Grande Prêmio de Mônaco uma espécie de Grand Slam do automobilismo.
Só que, este ano, seja lá quem sair vencedor não honrará o nome da corrida. Com 17 estreantes e um punhado de desconhecidos, as 500 da IRL viraram campo de exibição para um monte de aventureiros.
Aventura perigosa, entretanto, que gera carros velozes, a mais de 390 km/h, mas verdadeiras carroças em termos de segurança. O pole Scott Brayton foi a primeira vítima. Morreu em treino no dia 17.
Já a US 500 também possui carros extremamente rápidos, mas pilotados por quem entende do assunto, na maioria dos casos. Emerson Fittipaldi, Al Unser Jr., Michael Andretti, Bobby Rahal, entre outros, estarão lá.
Só que sem o "glamour" das 500 Milhas. Por mais que a IndyCar queira, a US 500 não pode ser encarada como mais que uma das 16 etapas do campeonato da Indy.

NA TV - 500 Milhas de Indianápolis: Bandeirantes, ao vivo, às 13h; US 500: SBT, ao vivo, às 15h

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