São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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EUA montam seleção a partir de biótipo

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Normalmente se convoca uma seleção a partir dos jogadores que se destacam em uma modalidade, certo? Nem sempre.
A seleção de handebol dos EUA foi convocada a partir do biótipo. Procurou-se os atletas mais altos, fortes e ágeis. De handebol? Não.
Como o handebol não é um esporte popular no país, não há clubes e divisões de base de onde tirar os jogadores da seleção.
Foram convidados jovens atletas de basquete, beisebol e futebol americano que, provavelmente, não teriam futuro brilhante nesses esportes. Mas que tinham altura, massa muscular e impulsão.
Para mudarem de esporte, ganharam emprego e residência em Atlanta durante o período de treino para a Olimpíada, desde 1993.
"Eles têm bom passe e recepção, fundamentos de basquete, mas são deficientes em técnica específica do handebol", disse Valdir Fonseca, supervisor da seleção brasileira, que esteve no Centro de Treinamento Olímpico dos EUA.
Esse tipo de procedimento reacende a discussão sobre a hegemonia do biótipo. Nesse caso, o esporte de competição seria um negócio só para uma elite de pessoas geneticamente favorecidas.
"Há limitações físicas evidentes. Você não será um recordista no martelo se não for muito forte, pesado e alto. No futebol, há menos limitações, mas o goleiro não pode ser baixo", diz o pesquisador norte-americano Vincent Mallette.
Nos EUA, já se procede à análise da composição muscular para aferir as possibilidades de um futuro atleta. "Se a biópsia muscular indicar fibras mais aptas a provas de resistência, não adianta tentar ser um velocista", disse Mallette.
Atletas como Carl Lewis têm 87% dos músculos feitos de fibras que reagem rapidamente.
(HuSa)

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