São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Arquiteto leva 'paraqueira' ao mundo
PAULO MOTA
Em setembro de 95, a norte-americana "Architectural Digest", uma das principais revistas mundiais sobre arquitetura, dedicou sete páginas elogiosas ao trabalho do arquiteto, batizado por ele de "Paraqueira Brasileira" (referência a um apelido de infância). Foi também a foto de uma das casas projetadas por Castelo Branco que ornamentou o convite de uma mostra internacional de arquitetura realizada em 1994, em Frankfurt, Alemanha. Na mostra, ele representou o Brasil, ao lado de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Apesar do reconhecimento internacional, Castelo Branco não pode assinar legalmente seus projetos no Brasil porque não tem diploma universitário. Ele cursou uma faculdade de Belas Artes, mas abandonou-a antes do fim. Madeira x concreto O diferencial básico do estilo de Castelo Branco está na utilização da madeira como matéria principal da construção e no uso intensivo de elementos artesanais na composição dos cenários internos. "A miopia provinciana da maioria dos arquitetos brasileiros impede-os de ver que a nossa riqueza vegetal deveria ser melhor explorada. Enquanto os europeus sonham com nossa madeira, os brasileiros insistem no uso do concreto e do granito", afirma. Ele diz que o uso da madeira é fundamental para garantir o conforto térmico das casas no Piauí, Estado no qual nasceu e onde a temperatura passa os 40°C. Segundo ele, a madeira permite melhor ventilação, garantida também pelos tetos elevados e suspensos, que, junto com os telhados em forma de asa-delta, são a marca registrada das "paraqueiras". Telhados que lembram velas de barco, mesclados com paredes e janelas geométricas, são elementos constantes em seus projetos. Carnaúba e babaçu Nos cerca de 50 projetos do arquiteto, espalhados por Piauí, Maranhão e Ceará, é comum o uso de troncos de carnaúba (madeira típica da região) em pilares e vigas. O uso desse tipo de madeira, diz ele, reduz em até 30% os custos das construções e acelera a obra, já que o material é encontrado facilmente na região. Possui forte apelo estético, que é a marca de sua obra. O talo do babaçu (palmeira da região) é usado por ele na elaboração das portas e forros. Cipós, bambus e pedras ornamentais são outros materiais usados em pisos, paredes e ambientes internos. O arquiteto explica que essas matérias-primas possuem a mesma durabilidade e resistência dos materiais empregados em construções convencionais. Castelo Branco diz que, após 25 anos, nunca um de seus projetos teve a estrutura deteriorada. Atualmente, o arquiteto mora 15 dias por mês em Fortaleza, onde mantém um ateliê, e outros 15 dias em uma "paraqueira" construída há dez anos em Viçosa do Ceará (a 344 km de Fortaleza). Ele cobra em média R$ 25 mil por projeto e só trabalha para clientes escolhidos pessoalmente. Casas de praia são a especialidade. Próximo Texto: Casa de pescador foi a 1ª obra Índice |
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