São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paz com a Síria é passo decisivo

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A Síria é o terceiro grande ponto de divergência entre os adversários Peres e Netanyahu.
É também o mais fundamental passo a ser dado, se Israel quiser chegar, como propõe seu primeiro-ministro atual, a uma paz abrangente com o mundo árabe.
Como se fosse pouco, um acordo com a Síria fecharia o ciclo de pacificação com os países limítrofes, posto que o Líbano é, hoje, um protetorado sírio.
Israel já tem acordos de paz com seus outros dois vizinhos, a Jordânia e o Egito.
Mas, para fazer a paz com a Síria, a primeira exigência de seu presidente, Hafez Al Assad, é a devolução das colinas do Golã, ponto estratégico que Israel conquistou na guerra de 1967.
Peres se dispõe a ceder. "Nós sempre dissemos que estávamos preparados para aceitar compromissos territoriais nas colinas do Golã", repetiu o premiê na sua entrevista ao "Yedioth Ahronot".
Peres diz ter dúvidas se seria possível "um acordo de paz com a Síria sem devolver-lhe todas as colinas do Golã". Netanyahu vai no sentido exatamente oposto.
Nega-se a devolver o Golã e chega até a duvidar que as colinas sejam o objetivo prioritário do presidente sírio.
Para "Bibi", o que o presidente Assad quer mesmo é fortalecer o seu regime, "para adquirir o status de líder do mundo árabe, por meio de acertos convenientes no Líbano e o fortalecimento das relações com os Estados Unidos".
Por isso, limita-se a propor uma segunda edição da Conferência de Madri, capital espanhola em que se fez pela primeira vez, em 1991, uma reunião entre países árabes e israelenses, sob intermediação dos EUA e da então União Soviética.
Líbano
Sem entendimento com a Síria, fica igualmente pendente o drama libanês, ocupado militarmente pelos sírios e, na parte sul, por um exército fantoche de Israel (o Exército do Sul do Líbano).
Foi exatamente no Líbano que surgiram os mais recentes conflitos na interminável história de sangue da região.
Israel respondeu aos habituais ataques do Hizbollah (Partido de Deus), grupo subvencionado pela Síria e pelo Irã, com a Operação Vinhas da Ira, em abril.
Resultado: 170 mortos e 400 mil libaneses obrigados a fugir de suas casas para não serem vítimas da "ira" do Estado judeu.
(CR)

Texto Anterior: O que pensa cada partido
Próximo Texto: A classe operária vai à Internet
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.