São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Garoto perde a noção do tempo
ARMANDO ANTENORE
Fugiu da mãe por causa de maus tratos. "Ela me pedia para ler o 'a-e-i-o-u'. Eu tentava, não conseguia e acabava apanhando de chinelo." Depois de passar um mês na rua, o garoto bateu às portas do São Martinho. Recentemente, o Ponto Frio espalhou cartazes com uma foto do menino. Foi assim que a mãe descobriu o paradeiro do filho. A rede de lojas entrou na campanha das crianças desaparecidas tão logo "Explode Coração" abriu espaço para o tema. Mais 90 empresas fizeram o mesmo. Às vezes, M.B.S. concorda em retornar à família. Outras vezes, diz que prefere o São Martinho. "Ele está confuso porque ficou muito tempo longe de casa", explica Valéria Magalhães, psicóloga do Centro Brasileiro. Monossilábico, M.B.S demonstra saber pouco sobre si próprio. Não lembra o nome do pai nem o da cidade em que nasceu -Macaé (RJ). Está distante da família desde julho de 1994. Mas acha que fugiu há cinco anos. Lê mal e tem dificuldades para fazer contas. A mãe, ex-empregada doméstica, não trabalha mais e também parece confusa. A Folha lhe perguntou em que dia M.B.S. nasceu. "A data certinha?", surpreendeu-se. "Espere um minuto. Preciso olhar a certidão do menino." (AA) Texto Anterior: D., 11, não quer voltar por medo do pai Próximo Texto: Campanha quer alertar ricos e pobres Índice |
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