São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Venda do Anhembi deve ser autorizada

DA REPORTAGEM LOCAL

O longo processo para aprovar a privatização do Anhembi, um dos mais famosos e tradicionais parques de exposições do país, pode estar perto do fim.
Na semana passada, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou, em primeira votação, a privatização do Anhembi.
A segunda e definitiva votação deverá ocorrer amanhã.
O parque de exposições do Anhembi foi inaugurado em janeiro de 1970 e é o espaço onde se realizam anualmente cerca de 30 feiras e exposições, como o Salão do Automóvel e a Fenit.
Para empresários de São Paulo, a aprovação da privatização significaria a viabilização dos investimentos em modernização que o Anhembi necessita.
Gastos
Cálculos de especialistas indicam que seriam precisos US$ 70 milhões aproximadamente para custear as reformas no sistema energético, na construção de novos pavilhões para ampliar a capacidade de abrigar feiras e para modernizar o sistema de telecomunicações.
"São Paulo precisa de um centro de exposições do tamanho e da importância do Anhembi que funcione como uma vitrine do que o Estado produz", diz, por exemplo, Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP).
Em alguns setores industriais, lembra ele, o Estado de São Paulo é responsável por 80% da produção brasileira e precisa, portanto, de um espaço para mostrar essa produção para compradores de outros Estados e países.
"São Paulo vai parar de passar vergonha por causa do Anhembi", afirma, por sua vez, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Alguns empresários temem que São Paulo acabe perdendo feiras e exposições para outros Estados diante das condições precárias em que se encontra o Anhembi.
Eles acreditam que muitas feiras poderiam passar a ser organizadas em outros locais, especialmente no Rio, onde será inaugurado no próximo mês de agosto um pavilhão de exposições no Riocentro.
Com esse novo centro, o Rio tem maiores condições de competir com São Paulo como sede de feiras e exposições, especialmente se o Anhembi não for modernizado.
Turismo
Nessa hipótese, São Paulo perderia um grande número de turistas que visitam a cidade basicamente por causa de feiras e exposições.
É bastante significativo o movimento em hotéis, restaurantes e comércio produzido pelos homens de negócios que viajam para São Paulo basicamente para participar de eventos na cidade.
Fora das épocas escolares, a ocupação nos hotéis por participantes de feiras e exposições pode chegar a 40% do total.
Se o processo de privatização for definitivamente aprovado pelos vereadores nesta terça-feira, a expectativa é de que o edital de licitação seja divulgado pela prefeitura em no máximo 60 dias.
Szajman não tem dúvidas de que haverá grupos privados interessados na compra do Anhembi apesar do alto valor dos investimentos.

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