São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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A transa foi ótima, mas orgasmo que é bom, nada

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Insegurança, desinformação e falsas expectativas interferem no prazer

O clitóris fica mais sensível e também se contrai. A vagina se lubrifica para facilitar a penetração. O útero aumenta de tamanho. Os mamilos endurecem. Os batimentos cardíacos se aceleram. Por fim, os músculos em volta da vagina se contraem.
Isto é o orgasmo, ou melhor, a descrição física do ponto máximo da relação sexual. Um grande prazer. Mas, para muitas garotas, um problema do tamanho de um bonde.
No Instituto Kaplan, especializado em sexualidade, cerca de 50% das adolescentes atendidas procuram ajuda alegando não conseguirem ter prazer na relação sexual, afirma a psicóloga e sexóloga Márcia de Lima.
Mas a questão é mais simples do que parece. "Não existe mulher fria, existe mulher mal-esquentada", diz com toda ênfase a ginecologista do Hospital das Clínicas e coordenadora do programa Pró-Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo Albertina Takiuti.
"Se alguém falar em frigidez, não acredite", aconselha a sexóloga Marta Suplicy. "Isso é um rótulo que só serve para inibir o comportamento sexual da mulher".
Mas, afinal -você deve estar se perguntando-, por que tantas garotas dizem não atingir o orgasmo e, às vezes, até se consideram frias? Uma das razões é a falta de informação sobre o assunto.
A estudante Ariadne, 16, por exemplo, transa há um ano com o namorado e tem dúvida se alguma vez gozou. "Já atingi um estágio de prazer absurdo, mas será que gozar é isso ou algo mais? E tudo aquilo que a gente ouve falar?".
Esse "tudo aquilo que a gente ouve falar" cria um monte de expectativas. Muitas vezes, elas não são atingidas e acabam frustrando a garota (leia abaixo o que pode atrapalhar ou ajudar na transa). A intensidade do prazer varia de pessoa para pessoa. E até de transa para transa. "Orgasmo não é algo que se compare. Se sua amiga vê estrelas quando goza, que bom para ela. Descubra você mesma as suas sensações", diz Albertina.
Algumas meninas, por exemplo, gritam, tal a sensação de prazer. Para outras, é um momento calmo, nem por isso menos intenso.
O orgasmo não tem tempo definido. O homem precisa de um intervalo entre uma ejaculação e outra. Já a mulher pode ter orgasmos sucessivos. "O número não importa, o que vale é como você aproveitou cada um deles", diz Albertina.

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