São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cranberries ilude menos
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
"To the Faithful Departed" é o mais pesado dos discos da banda -foi co-produzido por Bruce Fairburn, que já se meteu com Aerosmith, AC/DC e outros. O rock que a banda exala não guarda resquícios de criatividade -qualquer das faixas mais roqueiras poderia ter sido composta há 20 anos, e mesmo então não primariam pelo brilhantismo. O disco começa com "Hollywood", pesadíssima, revestida de voz ardida e messianismo à moda do U2 dez anos atrás. "War Child" é mais ousada: faria sucesso estrondoso num projeto tipo "We Are the World". Vocais e sinos de igreja completam o cenário em faixas como "Forever Yellow Skies" e "Electric Blue". O messianismo vai além. O encarte ostenta horrenda fotocomposição de um recém-nascido numa manjedoura. Há pior: O'Riordan resolve emitir mensagens otimistas no encarte do CD. "Eu acredito que obter a paz de espírito total é uma impossibilidade humana nesta dimensão." Ou: "O amor é tudo quando nos abrimos e perdoamos". Como acreditar na música de um ser que emite (gratuitamente) tão "profundas" mensagens? Lá pelo meio do disco, a pauleira arrefece, a voz amaina os gritos e as melodias até conseguem aparecer. A fase acústica do CD oferece bons e delicados momentos ("I'm Still Remembering" e "Will You Remember?" em especial). Mas mesmo aí a banda soa embolorada. "Will You Remember" é uma valsinha à moda "Sgt. Peppers", dos Beatles. Mais velho, impossível. Disco: To the Faithful Departed Grupo: Cranberries Lançamento: Island (importado) Preço: R$ 20, em média Onde encontrar: Lado A (tel. 011/258-5911) Texto Anterior: Eros Ramazzotti reinventa o pop italiano Próximo Texto: Fundação de Osasco realiza sua 3ª mostra Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |