São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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'Vagas' ilustra baque de 1990 do cinema no Brasil

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Se se toma o cinema brasileiro pelo fio de sua história, o que veremos é uma série de baques semelhantes ao de 1990, quando foi ex- tinta a Embrafilme. Collor, o ex-presidente, no primeiro dia de seu governo fechou a Embrafilme.
A sensação de orfandade que criou provavelmente não foi muito diferente na passagem do mudo para o sonoro, ou no baque da Vera Cruz.
O que mudou foi a intensidade. Desde o Cinema Novo, acreditou-se que seria possível passar de um cinema para uma cinematografia, isto é, de séries esparsas de filmes a uma produção contínua e institucionalizada.
Isso se pode dizer no dia em que a Bandeirantes exibe, às 21h30, "Vagas para Moças de Fino Trato", produto arrancado ao nada bem nesse momento.
O diretor Paulo Thiago batalhou pela criação do Pólo Cinematográfico do Espírito Santo. E foi com essa ajuda que pôs seu projeto em andamento.
É possível ter inúmeras reservas em relação ao filme, entre elas o fato de o roteiro (baseado numa peça teatral) não ter sofrido a adaptação necessária para que o filme se ambientasse em Vitória.
Maus filmes, dizia um grande diretor, são os que podem se passar em qualquer lugar, em qualquer época. Se isso vale, "Vagas para Moças" entra na categoria.
Mal se vê Vitória, e as personagens foram transladadas para Vitória sem ganharem por isso nada de específico.
É por seus defeitos, porém, que o filme termina sendo ilustrativo de uma era de muita dificuldade. Por eles, apreende-se esse momento negativo da imagem no Brasil.
(IA)

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