São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996 |
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Flavio de Souza brinca com o tempo
ELVIS CESAR BONASSA
Mas o autor fez dessas coisas simples uma comédia bastante sofisticada: os personagens são multiplicados em suas diferentes faces, as cenas são refeitas sob pontos de vista diferentes ou de acordo com a imaginação e o desejo do casal que está no palco. A história: um desempregado e uma pesquisadora se conhecem num parque, têm atração imediata e começam um caso. Mas se casam, depois, com outras pessoas. Em cima disso, surge um caleidoscópio. O encontro é refeito várias vezes, as discussões na cama são reencenadas de formas diferentes, os personagens tentam modificar o passado atuando de formas diversas. Materializa-se, no palco, um dos maiores sonhos de todo mundo: poder refazer o que já aconteceu, tentar outras possibilidades de agir, fazer o tempo retroceder. Os dois personagens -Waldo e Moira- ganham duplos (Waldo 2 e Moira 2), que atuam no início como a consciência materializada (lembrando os anjinhos e diabinhos que conversam com personagens de desenho animado). O nome da personagem feminina, Moira (destino, em grego) é uma chave que antecipa de cara o resultado de todas as peripécias. Cada passo dos personagens para evitar seu destino é um passo a mais na direção desse mesmo destino: a separação, o envelhecimento. Tudo é feito e refeito para ter sempre o mesmo resultado. texto foi escrito especialmente para a dupla de atores Luciana Braga e Claudio Fontana, que trabalharam juntos na novela "As Pupilas do Senhor Reitor". "Eu liguei para o Flavio e pedi um texto. Ele estava em um mau dia e disse que não. Um tempo depois me ligou e já estava com as primeiras 20 páginas prontas", conta Luciana. A direção é de Enrique Diaz (o mesmo de "Melodrama"), com figurino de Gabriel Villela. Para fazer os duplos, foram chamados Romis Ferreira e Claudia de Souza. "O texto é o tempo todo representação: lembrança, hipótese, repetição de cenas. Vou trabalhar o prazer que o texto possibilita ao ator", afirma Enrique Diaz. Texto Anterior: Da vitória Próximo Texto: Abordagem é cinematográfica Índice |
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