São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996 |
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Perguntas sobre adultério e idade marcam debate
CLÓVIS ROSSI
Quem introduziu temas tão pessoais foi o moderador, o jornalista Dan Margalit, um apresentador de TV que, no Brasil, ficaria no meio do caminho entre Bóris Casoy e Jô Soares. "Bibi" disse que lamentava muito o caso do adultério, que "me feriu muito, feriu minha mulher e minha família". O caso ocorreu há três anos: "Bibi" assumiu o adultério, após acusar um rival do próprio Likud de ameaçar mostrar o teipe em que o hoje candidato traía sua mulher, a menos que ele abandonasse a disputa pela liderança conservadora. O teipe jamais apareceu, "Bibi" agradeceu a sua terceira mulher, Sara, por ter ficado a seu lado, e acabou sendo eleito. O candidato oposicionista rapidamente mudou de assunto e engatou as desculpas por ter ferido sua família com a frase: "Os erros do governo Peres feriram o país inteiro nos últimos quatro anos". Concurso de beleza Já Peres escapou com mais facilidade da dúvida sobre a sua capacidade para governar com 72 anos. "Se a escolha fosse para modelo e não para primeiro-ministro, a idade seria um tema. Minha saúde é perfeita, minha capacidade de trabalho é excelente e meus pensamentos são jovens", respondeu. O debate foi gravado ontem pela manhã, nos estúdios do Partido Trabalhista, em Tel Aviv, e exibido às 20h30 (14h30 em Brasília) no canal 1 e às 21h30 no 2. Não parece ter sido capaz de provocar alterações no cenário equilibrado em que se desenvolve o pleito. "Aparentemente, não é o que vai decidir a eleição", reagiu Chemi Shalev, analista político do jornal "Maariv", o mais intelectualizado do país. "Não acho que houve um vencedor claro", prefere Gadi Sukenik, do canal 2. Repetição É natural que se faça essa análise: os dois candidatos repetiram à exaustão as posições que vêm defendendo desde o início da campanha eleitoral. "Bibi" bateu na insegurança e na suposta intenção de Peres de dividir Jerusalém com os palestinos. "Nossas crianças estão com medo de tomar um ônibus", disse. Sobre Jerusalém: "Não importa o que o sr. diga esta noite. Na prática, o sr. está dividindo Jerusalém". Peres rebateu com uma citação bíblica: "Se eu te esquecer, ó Jerusalém, que minha mão direita perca sua habilidade". Sobre segurança, Peres lembrou que Israel sofreu ataques terroristas ao longo de toda a sua história e que a escolha dos eleitores era entre o retorno da intifada (a revolta dos palestinos) ou a paz. Ao final, como era previsível, ambos proclamaram-se vitoriosos, embora Peres tenha preferido uma fórmula menos pessoal: "Eu não ganhei. A paz ganhou". (CR) Texto Anterior: 'Bibi' faz treino com deputado Próximo Texto: BOCA DE URNA Índice |
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