São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 1996
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Filadélfia mistura arte, cerveja e esporte

RODRIGO AMARAL
DO ENVIADO ESPECIAL À FILADÉLFIA

Para os norte-americanos, a Filadélfia é um ponto turístico óbvio: a cidade possui inigualável relevância histórica para os EUA.
Fundada em 1681 por William Penn, um quacre (membro de uma seita protestante) que desejava criar uma comunidade caracterizada pela livre expressão, a cidade foi palco de grande parte dos conluios que resultaram, 30 anos depois, na independência dos EUA do jugo britânico.
Para o turista brasileiro, o interesse nem sempre é tão gritante.
Afinal, nomes como os de George Washington, John Adams e Thomas Jefferson não têm grande importância para quem nasceu do México para baixo. Mas a cidade tem atrativos que vão além do patriotismo norte-americano.
O Philadelphian Museum of Art, por exemplo, possui uma das mais importantes coleções de pintura impressionista fora da Europa.
A partir da próxima quinta-feira, dia 30, o museu abriga a exposição "Cézanne", com 178 obras do francês Paul Cézanne (1839-1906), um dos cobras do impressionismo francês. A mostra permanece aberta até o dia 18 de agosto.
Também vale a pena visitar os bairros residenciais periféricos da cidade. Casas enormes e feitas de pedra são características na região -um tipo de habitação adequada ao frio e que não se vê no Brasil.
Sítios históricos
Mas quem quer aproveitar a visita para conhecer melhor a história norte-americana é que vai se dar bem na Filadélfia. A cidade é um ninho de sítios históricos.
O maior destaque é o Independence National Historical Park, no centro da cidade, que contém os locais em que praticamente surgiu a nação norte-americana.
É lá que se encontra o Independence Hall, na Chestnut Street, onde, no século 18, foi declarada a independência dos EUA e escrita sua Constituição -que, depois, serviu de modelo para todas as constituições democráticas (e algumas não-democráticas) do planeta.
Logo em frente dá para visitar o Liberty Bell Pavillion, que é um enorme sino que foi badalado todas as vezes em que o Exército americano obtinha uma vitória sobre o britânico. É um dos mais reverenciados símbolo do país.
Os mais fanáticos podem fazer uma refeição no City Tavern, restaurante que há 200 anos era frequentado por George Washington e Thomas Jefferson -vale pela curiosidade e pela ótima comida.
Bons de cerveja
Uma atração mais mundana da Filadélfia é o seu conjunto de cervejarias. Há mais de uma dúzia de microfábricas que produzem bebidas de ótima qualidade.
Por esse motivo, nada de pedir no bar uma Budweiser ou uma Miller. Vale muito mais a pena experimentar uma Yaongling, Independence Ale ou Dock Street, marcas típicas da região.
Os moradores da cidade entendem do assunto e se consideram os maiores bebedores de cerveja dos EUA. Uma afirmação difícil de ser provada ou contestada.
Outro divertimento típico da cidade é remar no rio Schuykill.
Mas é preciso tempo. Antes de botar o barco n'água, o remador amador deve passar por um curso, ministrado pelas próprias empresas que alugam os barcos.
O remo é o esporte universitário por excelência -vide as históricas disputas entre as universidades britânicas de Oxford e Cambridge.
E a Filadélfia é a cidade universitária dos EUA por excelência. Há mais de 80 instituições de ensino superior dentro da cidade e nas suas redondezas.
Para fazer compras, por sua vez, um bom local é o bairro de Chestnut Hill, na zona norte da cidade, que foi colonizada por imigrantes alemães.
A Germantown Avenue, principal via do bairro, tem uma infinidade de lojas de roupas e decoração, que ocupam casas que poderiam muito bem estar em uma cidade do interior da Alemanha.
Beisebol
Um programa absolutamente original para o turista brasileiro é curtir o All Star Game da Liga Profissional de Beisebol dos EUA.
Ele vai acontecer no dia 9 de julho no Veterans Stadium, onde normalmente jogam os Phillies, a equipe de Filadélfia. O beisebol é o esporte preferido dos americanos.
Mesmo que você não entenda nada do jogo, vale a pena conferir esse espetáculo em que cada jogador utiliza o uniforme de seu time, formando uma confusão de cores e símbolos.
Quem quiser entrar no clima pode chegar no estádio envergando camisas dos ídolos do esporte na cidade, como Lenny Dikstra, Tommy Gwynn e Pete Incaviglia.
Mas não esqueça de reservar o seu ingresso com antecedência.

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