São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996 |
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Adversários na eleição atacam Serra
ANA MARIA MANDIM
"O Serra pode vir quente, que eu estou fervendo", disse ontem Francisco Rossi, candidato do PDT. "Ele terá de dar duro para explicar algumas coisas da política econômica. Por exemplo, a recessão, o desemprego, os 12% de aumento do salário mínimo e os 15% de reajuste dos aposentados." O candidato do PPB-PFL, Celso Pitta, considerou "extemporânea" a candidatura Serra, porque "deslancha quando as alianças políticas já estão definidas". "A impressão é de uma candidatura nascida a fórceps, resultado de uma pressão a que ele não pôde resistir, e não fruto da vontade própria do candidato", disse. Luiza Erundina, candidata do PT, acha que a "indecisão" de Serra e do PSDB enfraqueceu a candidatura do ministro: "Ela vem com a carga de falta de confiança e de hesitação demonstradas numa questão dessa importância." Ninguém perde voto Rossi acha que a candidatura de Serra é "muito boa" para ele, Rossi, porque "divide ainda mais o outro lado". O "outro lado", segundo Rossi, são os que "se uniram" contra ele nas eleições de 1994. "Todos subiram no palanque contra mim: Maluf, Erundina, Serra, Pitta, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco. Eu enfrentei a todos e quase ganhei." Rossi afirmou que Serra tirará votos do "outro lado": "Tenho uma base sólida de 22% a 23%. Esse é meu ponto de partida". Pitta deu as "boas-vindas" a Serra, "pessoa de gabarito, que certamente dará contribuição muito positiva ao debate" e avaliou que o ministro não lhe tirará votos. "Sua entrada é absolutamente neutra para nós. Nossa candidatura baseia-se em proposta de trabalho já aprovada pela população de São Paulo. Acredito que o ministro cooptará votos da esquerda." Luiza Erundina acha que Serra tirará votos de Pitta. "Serra vai dividir com o candidato do campo dele, que hoje está aliado ao PFL. Vai tirar votos do Rossi também." 'Altíssimo risco' "O ministro Serra leva uma bagagem pesada, que é a queda de popularidade e de credibilidade do governo federal e do governo estadual", afirmou Pitta. Em sua opinião, Serra "está embarcando em uma disputa de altíssimo risco, tanto para sua própria pessoa quanto para a imagem do governo federal". Para Erundina, a entrada de Serra "não altera nada", quanto à estratégia de sua campanha e aos propósitos do PT. Ela não teme concorrer com Serra. "Já o enfrentei e derrotei em 1988. Ele teve um péssimo desempenho", disse. "É uma pessoa de atitudes elitistas, o que distancia as pessoas, uma postura fria na relação, pouco acessível. Não é de trato fácil. Não o vejo com carisma e afinidade com os setores populares." Texto Anterior: Para Fiesp, Serra é "um grande animal político" Próximo Texto: Maluf teme efeito da candidatura tucana Índice |
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