São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Serra volta atrás e anuncia ser candidato em S. Paulo

Decisão ocorreu anteontem em reunião com Mário Covas

DA REPORTAGEM LOCAL

Após 173 dias de indefinição, o PSDB finalmente anunciou ontem o seu candidato à Prefeitura de São Paulo.
O ministro José Serra aceitou deixar o Ministério do Planejamento para entrar na disputa na capital paulista.
O anúncio oficial foi feito às 15h na sede do PSDB paulista, no bairro de Indianópolis (zona sul).
Na última sexta-feira, Serra descartara sua candidatura depois de o PPB de Paulo Maluf ter fechado aliança com o PFL em São Paulo.
Serra decidiu ser candidato após reunião iniciada anteontem à noite no Palácio dos Bandeirantes e terminada à 0h30 de ontem. Participaram do encontro o governador Mário Covas e toda a cúpula tucana paulista.
Ao sair do encontro, Serra ligou, no meio da madrugada, para o presidente Fernando Henrique Cardoso em Paris para combinar detalhes do anúncio da candidatura. Às 2h30, telefonou para Covas informando sua decisão.
FHC disse em Paris que Serra será o novo prefeito de São Paulo. "Ele tem grande valor político. Tem todas as condições de ganhar e vai ganhar a eleição", afirmou.
Substituto
O presidente disse que a escolha de quem substituirá o ministro não foi feita.
"Isso tem tempo. Eu vou falar com o Serra. Só quando eu voltar ao Brasil eu vou ver isso", disse.
Ontem, os nomes mais cotados para o Planejamento eram os de Antônio Kandir, deputado federal pelo PSDB, e de Andrea Calabi, assessor de Serra no ministério.
No anúncio de sua candidatura, Serra deixou claro que vai municipalizar o discurso na campanha, desviando o foco da disputa do Plano Real e do governo federal.
"Não venho para defender o governo ou ninguém. Venho para pedir os votos para ser o prefeito de São Paulo", afirmou Serra.
O candidatos de outros partidos já definidos para a disputa em São Paulo reagiram à decisão de Serra:
"O Serra pode vir quente, que eu estou fervendo", disse Francisco Rossi, do PDT. "Ele terá de dar duro para explicar o desemprego e os 12% para o mínimo".
"A impressão é de uma candidatura nascida a fórceps", disse Celso Pitta, do PPB.
"Ela (a candidatura) vem com a carga de falta de confiança e de hesitação demonstradas numa questão dessa importância", disse Luiza Erundina, do PT.

LEIA MAIS sobre eleições em São Paulo às págs. 1-5 a 1-7

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