São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Boato sobre 'LSD do Mickey' assusta pais

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um boato veiculado na Internet sobre venda de drogas na porta das escolas está assustando pais e professores.
A mensagem que circula na rede mundial de computadores fala sobre tatuagens em forma de selos, com o nome blue star (estrela azul), impregnadas de LSD (ácido lisérgico).
As tatuagens teriam as figuras do Super-Homem, Mickey, Bart Simpson, borboletas e outros personagens da Disney.
Em São Paulo, nenhum setor da polícia registrou qualquer ocorrência da "estrela azul".
"Trata-se apenas de um boato, que está se espalhando pelas escolas", explica Carlos Eduardo Vieira Padilha, inspetor da Guarda Civil Metropolitana.
O delegado Carlos Alberto Augusto, do Denarc (Departamento de Narcóticos), afirma que boatos só atrapalham o trabalho da polícia. "Temos que acabar com isso. Essa história não tem fundamento", disse.
Alerta
Na Escola de Aplicação da USP, com 700 alunos, a orientadora educacional Elisabeth de Camargo Prado recomendou às professoras das 1ª às 4ª séries que alertassem os estudantes sobre o assunto.
"Eu fiquei sabendo dessa história por uma mãe. O boato está correndo em colégios públicos e particulares", disse.
No Externato Bem-me-quer (Itaim, zona sul), que tem 320 alunos, a informação chegou também por uma mãe.
"A criança vê uma tatuagem com desenho e acaba pedindo. Achei que deveria alertar as outras mães", disse Franceline Camara.
O aviso foi pregado no mural. "A gente acha que a história é séria porque chegou pela Internet", disse a diretora da escola, Sônia Cafarro.
Brasil
Em Curitiba, escolas chegaram a pedir investigação policial sobre o assunto e a The British School, no Rio, já distribuiu circular interna para professores e pais.
O psiquiatra Dartiu Xavier, da Universidade Federal de São Paulo, afirma que a mensagem está criando "apenas mais um mito a respeito das drogas".
A absorção do LSD não se dá pela pele, só por via oral. Por isso, seria impossível que as crianças apresentassem sintomas apenas manuseando as supostas tatuagens.
Xavier não acredita que houvesse inclusive "mercado" para essa droga. "Nos mais de 3.000 casos de dependentes que já atendi, nenhum era por LSD. Os traficantes não teriam interesse em vender uma droga cara (R$ 30 a gota, no mínimo) para crianças"', disse.
O LSD (ácido lisérgico) é o nome dado para cerca de 30 substâncias alucinógenas.

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