São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Ben Neill traz "mutantrompete" ao país

CELSO FIORAVANTE

DA REDAÇÃO

Em debate na Folha, músico mostra instrumento criado por ele e fala sobre tecnologia na produção da arte

O projeto "Antarctica Artes com a Folha" realiza hoje, às 20h, no auditório da Folha o debate "O Uso da Tecnologia na Produção Artística Atual - Benefícios ou Problemas para o Universo da Arte".
O debate contará com a presença do compositor e músico de vanguarda norte-americano Ben Neill, do artista plástico e diretor de vídeos Marcello Dantas e do professor da USP e da PUC-SP Arlindo Machado.
O auditório da Folha fica na al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos). A entrada é franca e os interessados devem fazer reservas, entre 14h e 17h, pelo tel. 011/224-3473.
No encontro, Ben Neil discutirá e fará demonstrações de um instrumento musical/multimídia criado por ele, o mutantrompete. Às 10h, Neill participa ainda de um encontro com alunos da USP.
Em entrevista à Folha, por telefone, em NY, Neill falou sobre seu trabalho como curador musical do The Kitchen e do debate na Folha.

Folha - O que você faz exatamente no The Kitchen, em Nova York?
Neill - Eu sou o curador da área musical. Eu seleciono os músicos que vão se apresentar lá e faço toda a programação de eventos musicais. The Kitchen tem uma longa história de apresentações de vanguarda em dança, vídeo e música.
Folha - Quem já se apresentou por lá?
Neill - Muitos se apresentaram por lá desde os anos 70, como Phillip Glass e Laurie Anderson. Temos apresentado muitas pessoas envolvidas com improvisação e projetos musicais que utilizam computadores. Tento apresentar grupos que não teriam outro lugar para se apresentar em Nova York. Tentamos manter uma identidade diferente para o The Kitchen.
Folha - Em alguns momentos, seu CD "Green Machine", lançado pela Astralwerks, parece direcionado às pistas de dança. Em outros momentos, parece introspectivo ou jazzy demais. Você tem algum público específico em mente?
Neill - Eu sempre fiz música que tivesse muitas referências rítmicas, mas que também tivesse elementos de música clássica contemporânea, jazz e eletrônica. Estive na semana passada em Amsterdã, onde fiz dois concertos, um durante um festival de música eletrônica, em um lugar chamado Ice Breaker. Depois toquei em um clube tecno... Acho que posso me mover com facilidade entre os dois públicos e estou interessado em trafegar entre públicos que tenham idéias muito diferentes sobre música. Também estou muito interessado na produção musical brasileira, principalmente rítmica.
Folha - Você tem algum interesse especial pela cultura dos clubes noturnos?
Neill - Com certeza. O que acontece na música dos clubes é baseado em conceitos da música eletrônica. É um meio muito propício para a produção de uma música e de uma arte multimídia muito criativa. Eu me divirto muito com ela. Não me interessa apenas o público de um circulo acadêmico, que é muito restrito.
Esse movimento experimental dos clubes está acontecendo há alguns anos e é muito excitante. Tanto que estou trabalhando com DJs, como Spooky e Carlos Slinger, que é brasileiro.
Folha - Qual será a linha de sua palestra no Brasil?
Neill - Devo dar uma demonstração do meu instrumento, o mutantrompete, e falar sobre ressonâncias, como elas interferem em diferentes níveis na minha produção musical e como a tecnologia torna isso possível, abrindo novas áreas de pesquisa. Esse é um tema muito vasto. Também vou levar alguns vídeos de apresentações no The Kitchen.
Mais informações sobre o projeto "Antarctica Artes com a Folha" pela caixa postal 2403, CEP 01060-970, São Paulo.

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