São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Coleção traz a "morte" de Elvis Presley

"Elvis Não Morreu"

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Elvis Presley está morto. Prova disso é a coleção de vídeos "Elvis não Morreu", que chega agora às locadoras. Com seis títulos, a série mostra como, em nome de uma carreira cinematográfica medíocre, se matou um mito.
Contam as biografias que o cantor via a música como um meio para atingir outros fins, no caso, cinematográficos.
Ainda segundo os biógrafos, a carreira de ator só não deslanchou porque estava submetida ao jugo tirânico do coronel Tom Parker, tutor de Presley.
Apenas a segunda parte é verdade. No documentário "Elvis É Assim", o cantor aparece, em meados dos anos 60, lamentando o fato de, por causa dos 33 filmes que estrelou, ter perdido o seu reinado para os então emergentes Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan.
Primeiros títulos
Os dois primeiros títulos da coleção, "Saudades de um Pracinha" e "Elvis no Paraíso do Havaí" são sintomáticos. Mudam-se os cenários, mas o roteiro é o mesmo.
Elvis sempre é o gostosão que usa meios politicamente incorretos para chegar a uma causa nobre.
Ele é iluminado que tem as grandes idéias e é ajudado por amigos que apenas têm apenas talentos operacionais e nunca logísticos.
Os inimigos são tipos indigestos ou namorados ciumentos que serão postos a nocaute pelos punhos do roqueiro.
Há também as garotas. Centenas delas, todas caindo aos pés de Elvis que, ao contrário de James Bond, não precisa nem sequer de uma boa lábia para conquistá-las.
Por fim, há as canções. Às vezes, elas são responsáveis pelo único fio capaz de puxar um dos filmes de Elvis pela memória.
Começando pelo tema musical ("G.I. Blues"), "Saudades de um Pracinha" é um filme acima da média entre os que o cantor perpetrou no início dos anos 60.
Com pinceladas autobiográficas, o filme conta a história do soldado Tulsa, que está servindo em uma base norte-americana na Alemanha ocupada. Tulsa tem uma banda formada com outros soldados. Eles precisam de dinheiro para montar uma boate em Oklahoma.
Para conseguir o montante, Elvis entra em uma aposta: conquistar o coração de uma dançarina de cabaré que tem a fama de ser quente no palco e fria fora dele.
No papel da dançarina, Juliet Prowse rouba as cenas em que aparece. O cantor só não teve o seu brilho totalmente ofuscado porque o diretor Norman Taurog reservou-lhe bons momentos nas cenas em que canta "Blue Suede Shoes" e "Wooden Heart".
Já um tanto barrigudo e com uma interpretação pouco empolgada, Elvis passa apuros para tirar os olhos do espectador da atriz mirim Donna Butterworth, em "Elvis no Paraíso do Havaí". Para seu azar, esse filme não traz nenhum dos clássicos musicais do cantor.
Elvis vive Ricky Richards, piloto de avião que é demitido por ter assediado sexualmente uma aeromoça. De volta ao Havaí, tem a idéia brilhante: por que não montar uma empresa de táxi aéreo para turistas?
Tem tudo para dar certo, ainda mais porque o cantor conta com um exército de ex-namoradas para angariar clientes.
Após assistir a filmes como esses dois, só há uma conclusão. Apesar de "Viva Las Vegas" -seu único trabalho notável no cinema-, essa história de o cantor se meter a ator só deixou saldos negativos. O rock perdeu seu rei, e o cinema não ganhou nada em troca.
Outros títulos
A série "Elvis não Morreu" prossegue com mais quatro títulos. As fitas podem ser adquiridas por meio do sistema de "sell-thru" (R$ 21,50).
Em julho, a PlayArte (tel. 011/575-6996) lança "Feitiço Havaiano" (61). Até o final do ano estará nas lojas "O Seresteiro de Acapulco" (63). Para o primeiro semestre do ano que vem, a distribuidora promete "Balada Sangrenta" (58) e "Garotas! Garotas! e Mais Garotas!" (62).

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