São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Telefone substitui relações em "Denise Está Chamando"

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

"Denise Está Chamando", filme do estreante diretor canadense Hal Salwen, satiriza os efeitos da tecnologia de telecomunicações nos relacionamentos humanos.
Sete jovens amigos que se comunicam apenas por telefone, enquanto trabalham em casa diante de seus computadores, perderam o costume e a coragem de se relacionar pessoalmente.
O personagem principal é o telefone e seus múltiplos recursos, do "call wait" (espera na linha enquanto se atende outra ligação) à "conference call" (conversa coletiva). O filme já está ultrapassado pelo sistema avançado da telefonia por imagem ou pela conversa em tempo real via computador.
Os personagens secundários são as pessoas que vivem tudo por telefone, desde a experiência da morte até sexo e exercícios de respiração na hora do parto.
Alegam falta de tempo para os encontros pessoais. Mas na verdade acomodaram-se a uma situação que os protege dos riscos e incertezas dos envolvimentos.
Para eles, o telefone deixou de ser um símbolo da angústia da espera, como diria Barthes, em relação aos fragmentos do discurso amoroso.
No mundo ainda mais fragmentado do filme (a estrutura do roteiro é montada a partir da contagem das horas e de fragmentos de cenas sem linearidade), os personagens comunicam-se menos por necessidade de contato do que para se certificarem de que continuam existindo e se comunicando.
O final otimista retira dos escombros de tanta impossibilidade o núcleo da célula familiar de pai-mãe-filho, ainda que resultado de uma inseminação artificial.

Vídeo: Denise Está Chamando Direção: Hal Salwen Elenco: Dana Wheeler-Nicholson, Tim Daily, Liev Schrieber, Alanna Ubach Lançamento: Alpha (tel. 011/230-0200)

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