São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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'Java' envia soft pela rede

PAULO FERNANDO SILVESTRE JR.
DO UNIVERSO ONLINE

O "Java", linguagem de programação desenvolvida pela SunSoft, servirá para enviar software pela Internet em um futuro próximo.
A opinião é de José Luís Sanchez, gerente de vendas da empresa para a América Latina.
A SunSoft é a divisão de software da Sun. Criou o "Java", que permite incluir animações e outras aplicações complexas em páginas da Internet.
Sanchez, 46, esteve no Brasil na semana passada para acertar detalhes de um fórum sobre a linguagem, que termina hoje em São Paulo.
"A grande mudança trazida pelo 'Java' é a forma de distribuição de software. Os métodos convencionais são ilógicos", diz Sanchez.
Pão velho
"Hoje, você compra um produto feito em Londres que ficou uma semana preso na alfândega. Depois, foi para o armazém de um atacadista, para o de um pequeno distribuidor e, finalmente, chegou a você".
Para Sanchez, esse processo só serve para encarecer o produto final e desatualizá-lo.
"Quando você abre uma caixa de software com o CD dentro é como se fosse comer pão velho", afirma.
Segundo Sanchez, com o "Java" você pega sempre a versão mais atual do programa por meio da rede, rapidamente e por um preço muito menor.
Outra vantagem do "Java" é sua portabilidade.
Ou seja: um programa que pode ser usado em um PC também funciona em Macintosh, em um computador com sistema Unix ou qualquer outro.
"O grande segredo do 'Java' é você compilar uma vez só", explica Leo Burd, 25, único instrutor credenciado de "Java" para a América Latina.
Micros 'populares'
Sanchez acha que a nova linguagem terá papel importante na popularização das novas máquinas feitas especialmente para acesso à Internet.
Esses computadores não possuem a capacidade de processamento e recursos dos micros convencionais, mas são muito mais baratos.
"Hoje, o custo para alguém entrar na Internet é muito alto, por causa do equipamento. A maioria da população não pode pagar isso, então há um mercado enorme para essas máquinas", diz Sanchez.
Como o "Java" permite criar sistemas muito mais poderosos que os que se costuma ver na Internet, o usuário poderia carregar um programa na hora em que precisasse usá-lo.
"É uma linguagem que não precisa de muita máquina", explica Burd.
Sanchez não acredita que a Internet venha a substituir os meios de comunicação convencionais, mas afirma que eles precisarão evoluir para acompanhar as mudanças.
Ele cita como exemplo o telefone. Segundo ele, as malhas telefônicas atuais foram projetadas para chamadas de quatro minutos em média.
Com a chegada da Internet, as chamadas começam a ser medidas em horas, o que pode sobrecarregar a rede.

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