São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 1996
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Cargo foi disputado até o momento final

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo ministro do Planejamento, Antônio Kandir, disputou o cargo até o último momento com o secretário-executivo Andrea Calabi (Planejamento) e com o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros.
Antes de tornar pública a escolha de Kandir, o presidente Fernando Henrique Cardoso ligou para Calabi para comunicar sua escolha.
Apesar do favoritismo de Kandir junto a FHC, Calabi foi uma alternativa permanente do Planalto. Além de Kandir sempre ter sido o preferido de FHC, Calabi enfrentou a oposição da cúpula do PSDB.
Os tucanos não abriam mão de manter no Planejamento um parlamentar do PSDB paulista, especialmente depois de perderem a Coordenação de Assuntos Políticos para o deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
Mendonça de Barros, que tem trânsito próprio junto a FHC e é amigo de Serra, era uma alternativa sugerida pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Derrota
Calabi deixou o setor privado e retornou ao governo como secretário-executivo do Planejamento porque tinha a perspectiva de suceder Serra até o final do governo.
É a segunda vez que ele perde a chance de se tornar ministro. Em 88, o então ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, deixou o cargo e indicou Calabi como seu sucessor ao então presidente, José Sarney.
Calabi ocupava, na ocasião, a Secretaria do Tesouro Nacional, criada por ele. Era tido como o substituto natural de Bresser. Perdeu para o então secretário-geral da Fazenda, Maílson da Nóbrega.
Ele não conseguiu esconder de amigos empresários paulistas o desapontamento pelo fato de não ter ganho o Planejamento.
Calabi não pretende permanecer no cargo. O Planalto busca um prêmio para ele, como a presidência de uma estatal. Até agora, a preferida é a do Banco do Brasil.
Educação
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) não foi sondado pelo Palácio do Planalto, mas teve de dar entrevistas ontem para negar qualquer convite para suceder Serra no Planejamento.
"Não recebi nenhum convite. Meu compromisso com o presidente é fazer reformas na Educação", disse. Paulo Renato era, na verdade, o candidato preferido da primeira-dama, Ruth Cardoso, presidente do Conselho do Programa Comunidade Solidária.
Ruth colecionou atritos com Serra por causa dos cortes de verbas orçamentárias para os programas de combate à pobreza. Para ela, Paulo Renato teria maior sensibilidade em relação aos programas do Comunidade Solidária.

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