São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
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Técnicos

WILSON BALDINI JR.

O sucesso nas atividades esportivas depende basicamente de quatro coisas: humildade, aptidão, treino e uma boa retaguarda que possa lhe passar experiências importantes para o seu desenvolvimento técnico.
É aí que entra a figura do treinador. No boxe, por ser individual, este componente ganha proporções enormes. Talvez esta seja a explicação para o irrisório número de bons lutadores brasileiros. "O nosso maior problema é a falta de técnicos", diz Éder Jofre. Um privilegiado que treinou com o "cobra" Kid Jofre, seu pai.
Mas nós jornalistas também possuímos nossos "técnicos", que nos ajudam a mostrar que o passado é sempre importante para entender o presente e melhorar no futuro. O nosso "mestre" Edgar Alves conta que no Panamericano de Porto Rico, em 79, o técnico Antônio Carollo passou horas no ouvido de Carlos Antunes avisando para levantar a guarda e proteger o rosto da direita do cubano.
Mas não adiantou.
Gongo, primeiro round, os dois boxeadores se aproximam. Antunes esquece dos avisos do treinador, abaixa a guarda e sofre nocaute, na final do torneio.
Isto mostra que, às vezes, o pequeno sucesso faz o lutador jogar todo o trabalho do técnico no lixo.
A comissão técnica responsável pela equipe brasileira que vai disputar a Olimpíada de Atlanta, formada por Ulisses Pereira e Francisco Garcia, mostra que está atualizada. Montou uma equipe alta e ágil, assim como a fortíssima cubana de Félix Savon, cuidando também da alimentação dos pugilistas.
No torneio disputado em Barretos, contra a seleção italiana, o leve Agnaldo Magalhães e o médio-ligeiro Jorge Luís Melo mostraram que possuem aptidão, estão treinados e bem orientados. Resta apenas terem humildade. Por isso, escutem os técnicos!

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