São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
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Fronteiras entre as mídias atraem artista contemporâneo

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Tema foi discutido em encontro anteontem com Ben Neill

Fronteiras entre as mídias atrai artista contemporâneo
O projeto "Antarctica Artes com a Folha" realizou na noite de anteontem, no auditório da Folha, o debate "O Uso da Tecnologia na Produção Artística Atual - Benefícios ou Problemas para o Universo da Arte".
O debate contou com a presença do músico norte-americano Ben Neill, do artista plástico Marcello Dantas e do professor da USP e da PUC-SP Arlindo Machado.
Ao dividir seu discurso em quatro tópicos -metamorfose, multiplicidade, virtualidade e interatividade-, Arlindo Machado propõe uma relação ideal com o uso da tecnologia, onde o espectador pode intervir nas imagens e tem a possibilidade de reproduzi-las, trabalha com imagens potenciais e com mídias híbridas, trafega de uma mídia à outra e dialoga com a obra de arte.
Durante o encontro, Arlindo Machado citou um artigo da revista "Wired", sobre como, há mais de cem anos, a invenção do rádio havia sido anunciada como interativa, já que os aparelhos eram emissores e receptores, mas a história fez com que essa relação se transformasse totalmente. "Vamos ver se não vai acontecer o mesmo com a Internet", disse.
"O que interessa ao artista não é mais um meio, mas trabalhar na fronteira entre os meios. A interatividade vai depender da autonomia do espectador, que deve poder dar respostas que não estão previstas em menu algum", completou.
O artista plástico Marcello Dantas também citou a multiplicidade como característica da arte e do cidadão contemporâneos. "As pessoas querem transitar, contaminar-se com as mídias", disse.
"É preciso deixar de pensar a comunicação apenas como recursos audiovisuais. É preciso utilizar as fronteiras sensoriais. A questão não é a relação arte e tecnologia, mas o que elas podem fazer para que as pessoas se comuniquem melhor", completou.
Ben Neill lembrou que o uso da tecnologia de computadores pode concretizar um ideal de Pitágoras, que era o estabelecimento de um sistema que reunisse matemática, ciência, religião, música etc. Neill destacou também o papel dos DJs como provedores de música e campo para muita experimentação e interação com o público.
Neill, porém, negou uma total interação ao dizer que estava mais interessado na resolução de suas questões pessoais em relação à tecnologia. Também relacionou o papel do artista ao de um xamã, entidade que detém conhecimentos que não são acessíveis à maioria das pessoas.
Iniciado em fevereiro, o projeto "Antarctica Artes com a Folha" tem visitado ateliês em todo o país para descobrir artistas plásticos emergentes. Em julho, será feita a seleção final de cerca de 40 artistas de até 32 anos, que participarão de uma exposição coletiva entre 27 de setembro e 17 de novembro.
(CF)

Mais informações sobre o projeto "Antarctica Artes com a Folha" pela caixa postal 2403, CEP 01060-970, São Paulo.

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