São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Choro brasileiro encontra irmã cubana

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A música brasileira tem uma irmã que mal conhece e vive até hoje em Cuba. Quem pretende apresentar uma à outra é o jazzista cubano Paquito d'Rivera, atração deste domingo no festival Chorando Alto, no Sesc Pompéia.
Falando à Folha por telefone, da ilha de Guadalupe (nas Antilhas), o clarinetista e saxofonista promete tocar, em sua quarta visita ao Brasil, uma "danza" cubana, gênero musical que ele considera ser um parente distante do choro brasileiro.
*
Folha - Como um jazzista cubano se sente ao tocar em um festival brasileiro de choro?
Paquito D'Rivera - Na verdade, estou até um pouco nervoso. Me sinto muito honrado por ser convidado a tocar clarinete em um festival de choro no Brasil. Admiro muito Pixinguinha, que foi um grande saxofonista e flautista.
Folha - Como começou o seu contato com a música brasileira?
D'Rivera - Gosto da música brasileira desde garoto. Meu pai, que era saxofonista clássico, tocava todos os dias para mim um chorinho chamado "Tico-Tico no Fubá" (de Zequinha de Abreu).
Folha - Mas seu interesse pela música do Brasil não se limita apenas ao choro, não é?
D'Rivera - Sim. Ampliei meu conhecimento mais tarde, quando entrei em contato com músicos brasileiros e vim a conhecer a bossa nova de Leny Andrade, minha cantora favorita.
Folha - Você vê alguma relação direta entre a música de Cuba e a música brasileira?
D'Rivera - Eu penso que a "danza" cubana e o chorinho são como irmãos. Acho que as raízes de ambos são comuns. No Brasil, vocês têm uma mistura de África com Portugal. Nós, em Cuba, temos uma mistura de África e Espanha. O que muda é mais a forma de tocar, porque a raiz é a mesma.
- O que mais você preparou?
D'Rivera - Parece que só vou ter 30 minutos. Também estou pensando em tocar "Segura Ele" (de Pixinguinha) e "Recado".

Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93)
Quando: hoje a domingo, às 21h
Quanto: R$ 25

Texto Anterior: "A crônica matou a prosa brasileira"
Próximo Texto: Fronteiras entre as mídias atraem artista contemporâneo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.