São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Governo anuncia novas desapropriações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, 23 áreas com 74.084 hectares que serão utilizadas para o assentamento de 1.637 famílias, em 11 Estados.
As áreas serão desapropriadas atendendo reivindicações do protesto "Grito da Terra Brasil", organizado em Brasília e em vários Estados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) condenou ontem a nova onda de invasões desencadeada nesta semana pelas entidades nos Estados da Bahia, Piauí e Goiás para marcar o protesto.
"Como funcionário público e em respeito ao processo democrático, sou contra as invasões de terra", disse o ministro.
A desapropriação foi anunciada após uma rodada de negociações no prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que foi invadido por cerca uma centena de trabalhadores sem terra de Goiás e Minas Gerais.
Cronograma Dirigentes das entidades estabeleceram ontem com o ministro um cronograma para novas desapropriações.
As entidades manterão, segundo acordo com Jungmann, uma comissão para acompanhar os processos desapropriatórios no Incra.
As entidades listaram 42 áreas no país consideradas prioritárias para o assentamento de trabalhadores.
Além das reivindicações da CUT e Contag, o governo federal está sendo cobrado para assentar 37 mil famílias que estão em acampamentos organizados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Segundo as entidades, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Andrea Calabi, reafirmou ontem que o governo deverá aplicar R$ 1 bilhão em crédito e investimentos em infra-estrutura para apoiar a agricultura familiar.
Inquérito A Polícia Federal anunciou ontem que vai abrir inquérito para apurar a invasão do Ministério da Agricultura, promovida anteontem por manifestantes do protesto "Grito da Terra Brasil".
Segundo a PF, o inquérito visa a apurar os responsáveis pela invasão que danificou dois auditórios e vidros do prédio.
O presidente da Contag, Francisco Urbano, disse que a entidade vai pagar os danos.
Para o sindicalista, não houve invasão do prédio -e sim ocupação. "Os trabalhadores vinham passando, as portas estavam abertas e eles entraram", afirmou Francisco Urbano.

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