São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Ieltsin anuncia programa de governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, apresentou ontem seu programa de governo, prometendo aos russos "uma vida normal" após cinco anos de sofrimento causados alto custo social das reformas econômicas.
"Sinto sua dor, a dor do país. Mas é a dor de um organismo em recuperação", diz Ieltsin, 65, candidato à reeleição, no texto do documento de 127 páginas.
O descontentamento gerado pelas reformas tem sido o principal combustível da campanha de seu principal rival, o neocomunista Guennadi Ziuganov.
"Cometi erros, mas sei melhor do que os outros como corrigi-los", afirma o presidente russo.
Durante campanha eleitoral em Perm, na região dos montes Urais, ele afirmou que seu programa de governo tem o objetivo de dar "uma vida normal para todas as pessoas, para todas as famílias, para a sociedade e para o Estado, sem revolução, sem tumulto".
Simpatizantes de Ziuganov protestaram em Perm contra o baixo valor e atraso nas pensões.
Pesquisas
Ieltsin também disse em Perm que espera ganhar, no primeiro turno, as eleições presidenciais, marcadas para 16 de junho.
As últimas pesquisas de opinião dão a liderança da corrida presidencial para Ieltsin. Há cerca de um mês, quase todas traziam Ziuganov como favorito absoluto.
Um levantamento divulgado ontem traz Ieltsin com 34% da preferência do eleitorado. Ziuganov, por sua vez, tem 22%.
Mas mesmo os institutos que elaboram as pesquisas reconhecem que o nível de precisão delas é baixo. A única conclusão que pode ser tomada é que Ieltsin e Ziuganov estão isolados na liderança.
Programa
As propostas de Ieltsin prevêem a continuidade das reformas econômicas. Ele prometeu diminuir a inflação para 5% ao ano e zerar o déficit público, além de acelerar o crescimento econômico.
A previsão é de que o país encerre este ano com inflação de 27%. Em 1995, a taxa inflacionária totalizou 131%. O déficit russo em 1995 foi da ordem de US$ 20 bilhões.
No campo social, o presidente russo se comprometeu a melhorar o sistema de pensões, acabando com os atrasos e corrigindo benefícios.
Também propõe o aumento do investimento no combate à criminalidade, crescente desde a transição da Rússia ao capitalismo.
Ieltsin também prometeu que o país incrementará suas relações com os EUA e países da Europa, mas manterá oposição à expansão da Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) aos ex-satélites soviéticos.
O programa também prevê o fim do serviço militar obrigatório até o ano 2000, anunciado anteriormente. Ieltsin também promete que a crise na Tchetchênia estará solucionada até o fim deste ano, permanecendo a república como parte do território russo.

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