São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apuração confirma vitória de Netanyahu

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Binyamin Netanyahu, 46, é o novo primeiro-ministro de Israel. Confirmado o resultado, ele reafirmou seu compromisso em manter o processo de paz no Oriente Médio e disse que "o país está em boas mãos".
O resultado final, com uma vantagem de apenas 30 mil votos sobre Shimon Peres, foi anunciado ontem pela comissão eleitoral e deve ser proclamado oficialmente na próxima quinta-feira.
O resultado põe em dúvida o futuro do processo de paz no Oriente Médio. Netanyahu, do Likud, representa a direita nacionalista do eleitorado de Israel, que se opõe às concessões já feitas aos palestinos.
Netanyahu diz que pretende manter as negociações -principalmente com a Síria e com os palestinos-, mas seu discurso se mostra mais duro com os árabes do que o do Partido Trabalhista, que está deixando o governo.
Após a confirmação da vitória, Netanyahu telefonou para o presidente do Egito, Hosni Mubarak, propondo uma reunião para as próximas semanas.
O Egito foi o primeiro país árabe a firmar a paz com Israel, em 1979, durante um governo do Likud (Menachem Begin). Ele reafirmou o "compromisso com a paz".
Tanta insistência nesse ponto se explica pela desconfiança da comunidade internacional -países árabes em especial- em relação a Netanyahu. Vários líderes estrangeiros, entre eles Bill Clinton, manifestaram durante a campanha clara preferência por Peres.
"Bibi" disse a Mubarak que a reunião seria uma boa oportunidade para "intercambiar pontos de vista sobre o futuro, à margem das declarações mal-interpretadas durante a campanha".
Esse comportamento se aproxima da expectativa palestina de que, uma vez no governo, Netanyahu tornará mais brando o seu discurso eleitoral.
Divisão
O resultado da eleição -vencida pelo Likud por um diferença de 0,9 ponto percentual- revelou uma divisão no eleitorado israelense que vai se reproduzir também no novo Parlamento.
"Bibi", como Netanyahu é chamado, vai precisar fazer alianças com os religiosos ortodoxos e com partidos de centro para conseguir governar (leia à página seguinte).
O Likud tem 45 dias para apresentar seu gabinete ao Knesset (Parlamento). Se não conseguir, novas eleições serão convocadas em um prazo de 60 dias.
A eleição, realizada na quarta-feira, só foi definida ontem, com a contagem dos votos de militares, doentes e funcionários do governo no exterior. Peres saiu na frente na apuração, mas nenhum dos dois candidatos cantou vitória até ontem. Votaram 3,9 milhões.
Definido o resultado, Peres telefonou para Netanyahu. Cumprimentou-o pela vitória e prometeu uma transição tranquila. O premiê eleito respondeu elogiando a passagem de Peres pelo governo e assegurando, mais uma vez, que manteria o processo de paz.
Netanyahu foi também ao Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo. Ele fizera o mesmo na véspera da campanha.
Fortemente guardado por homens armados com metralhadoras, ele acenou, mas não fez discurso. A multidão cantava hinos que diziam "levantem suas cabeças. As portas do mundo se abriram e o honorável rei chegou".
Ele rezou junto ao muro. Segundo o general Yitzhak Mordechai, seu assessor, "Bibi" pediu "o melhor governo para Israel e o melhor futuro para todos os judeus em todo o mundo".

Texto Anterior: Quatro terroristas são decapitados na Arábia; Protesto faz Elizabeth cancelar visita a Gales; Governo de Prodi é aprovado na Itália; Massacre de Dunblane pode ter sido tramado
Próximo Texto: Novo premiê é o mais jovem da história de Israel
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.