São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996 |
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Mundo faz reunião de condomínio
VICTOR AGOSTINHO
Começa em Istambul, na Turquia, a Habitat 2, a conferência de cúpula da ONU (185 países convidados) que vai discutir a urbanização das cidades. É como uma super-reunião de condomínio onde vão ser discutidas formas de evitar que a vida nas cidades se transforme num caos. O desafio para os cerca de 500 prefeitos e representantes de prefeituras presentes não é pequeno. A ONU estima que moradias inadequadas, abastecimento de água insuficiente e saneamento deficiente produzam, por ano, 10 milhões de mortes nas cidades. Somente as doenças contraídas pela água não-tratada matam, conforme as mesmas estimativas, 4 milhões de crianças por ano. Batalhão de miseráveis A cada 60 segundos, nascem no mundo 47 bebês em lares de famílias que não conseguem ganhar US$ 370 por ano. Esse contingente vai engrossar o batalhão de 1,5 bilhão de pessoas que já vivem em condições miseráveis no planeta. Desses, 1 bilhão mora nas áreas rurais. Não é exatamente um consolo para os moradores das cidades: até 2005, nascerá nas áreas urbanas um miserável por segundo, o que representa 86.400 por dia. A cada ano também, segundo dados da Organização das Nações Unidas, o time mundial de miseráveis ganha 25 milhões de pessoas -até 2005, serão 31,5 milhões por ano. Nos países do Terceiro Mundo, são 95 milhões de jovens e crianças morando nas ruas. Números alarmantes O déficit mundial de moradias está estimado em 117 milhões de unidades. No total, 500 milhões não têm moradias adequadas. Cerca de 1,2 bilhão de pessoas sobrevivem sem conseguir arrecadar por dia o equivalente a US$ 1. Os desempregados ou subempregados chegam a 120 milhões. Em 2015, as dez maiores cidades do mundo devem concentrar 205,7 milhões de habitantes -nove dessas cidades estarão do Terceiro Mundo (veja quadro abaixo). Hoje, as dez megacidades aglomeram 153,4 milhões de pessoas. São Paulo, atualmente a segunda maior cidade da Terra, com uma população de 16,4 milhões em 2015, será a sexta, abrigando cerca de 20,8 milhões de habitantes. LEIA MAIS nas págs. 2 e 3 Próximo Texto: Jeitinho brasileiro decide impasse Índice |
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