São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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Novos medicamentos ajudam asmáticos

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Algumas novidades prometem facilitar o tratamento das pessoas que, com a aproximação do inverno, enfrentam crises de asma.
A primeira boa notícia é o desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos, que têm menos efeitos colaterais que os corticóides -remédios mais utilizados hoje para tratar a asma.
A segunda novidade é o lançamento no país de novos espaçadores (leia texto abaixo) que facilitam o uso das "bombinhas" com medicação para a asma.
José Roberto Jardim, chefe da disciplina de pneumologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) explica que a asma é encarada hoje como uma doença inflamatória crônica.
Segundo ele, os asmáticos têm uma tendência a desenvolver uma resposta inflamatória nos brônquios e bronquíolos (vias aéreas que conduzem o oxigênio até o pulmão) quando entram em contato com determinados agentes.
Essa resposta inflamatória produz um edema (inchaço) da mucosa e um aumento da secreção de muco. Os pequenos músculos que circundam os brônquios e bronquíolos se contraem e passam a "'comprimir" as vias aéreas.
Todas essas reações levam a uma diminuição do calibre das vias aéreas e a uma maior dificuldade de entrada e saída de ar para os pulmões. O asmático sente falta de ar, "chiado" no peito, aumento na frequência respiratória e tosse.
Os medicamentos hoje mais empregados no tratamento da crise da asma são os corticóides -que diminuem a resposta inflamatória- e os beta-2 agonistas, que dilatam as vias aéreas.
Jardim diz que a nova classe de remédios para a asma inibe os leucotrienos -mediadores químicos do organismo que têm ação sobre a inflamação dos brônquios.
O primeiro representante desse grupo, o zileuton, do laboratório Abbott, já tem uma recomendação do FDA (organismo que regulamenta os medicamentos nos EUA) para sua comercialização.
Os outros dois, dos laboratórios Merck Sharp & Dome e Wellcome-Zeneca, estão em fase final de estudo e devem ser lançados ainda este ano.
O medicamento da Merck, o MK-476, está sendo testado no Brasil em vários centros.
Outra droga que está em fase de estudo clínico, o brometo de triotrópio, da Boehringer, promete ação mais duradoura. Uma aplicação da "bombinha" protegeria o asmático por 36 horas.
A maior crítica a esses novos medicamentos é que ainda não se sabe se eles têm a mesma potência que os corticóides na prevenção e tratamento das crises de asma.

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