São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Empresário viveu escândalo

DA REDAÇÃO

O ex-megainvestidor Naji Robert Nahas protagonizou o maior escândalo do mercado de capitais da história da Bolsa brasileira.
O grande escândalo começou no dia 9 de junho de 1989, quando um cheque do Digibanco, emitido pela Selecta (holding do grupo Nahas) foi devolvido por falta de fundos.
Terminava, assim, o que foi chamado na época uma "corrente da felicidade". Nahas comprava e vendia lotes de ações no mesmo dia, principalmente na Bolsa do Rio. Como Nahas possuía cinco dias para liquidar a operação nas Bolsas, conseguia recursos antecipados de bancos para realizar novas operações. Eduardo da Rocha Azevedo, presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, proibiu novos financiamentos.
Nahas transformou-se em megadevedor no mercado de capitais e ficou em prisão domiciliar de 20 de julho de 1989 a 11 de maio de 1990.
Nahas declarou-se vítima de trama armada por seu arquirrival, Rocha Azevedo, que alega ter agido corretamente.
O episódio enfraqueceu a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, que até hoje procura voltar a chamar a atenção dos investidores, enquanto a Bovespa detém 90% das operações do mercado acionário.
Histórias controversas
Nahas já havia tido prejuízos no mercado da prata (em 1979) na Bolsa de Metais de Nova York, nos Estados Unidos, tendo sido proibido de entrar no país.
O Banco Sogeral, associado ao banco francês Societé Générale, acusou Nahas em 1986 de ter causado prejuízo à instituição da ordem de US$ 110 milhões.
Naji Robert Nahas nasceu em Beirute, no Líbano, em 1946, mas foi criado no Egito. Ele lembra que morava numa grande casa com dez mil metros quadrados de terreno e que seu pai tinha uma fábrica de tecidos com 6.000 empregados, que foi nacionalizada, em 1962, pelo governo Nasser.
Numa reunião de família, conheceu a brasileira Sueli Aun, com quem se casou em 1967, em sua primeira visita ao Brasil, que durou 15 dias.
A chegada de Nahas ao Brasil, em dezembro de 1969, foi noticiada. Como único passageiro da Varig que falava árabe e inglês, ele foi nomeado intérprete de um sequestrador que desviou o aparelho para Cuba.
Instalado no Brasil, começou comprando ações do Banco do Brasil e da Petrobrás e, com o dinheiro que foi trazendo do Líbano, montou no Brasil quase três dezenas de empresas, que tinham como controladora a Selecta.
Em 27 de março de 1991, a Superintendência de Seguros Privados cassava a autorização para a seguradora de Nahas -Companhia Internacional de Seguros- continuar operando.
Em abril do ano passado, a Justiça de São Paulo absolveu Nahas de uma série de crimes falimentares que envolviam a Selecta. Ele continua com diversos processos pendentes.

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