São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Falta de emprego é fonte de degradação

GILBERTO DIMENSTEIN
DO ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Com as águas contaminadas, ar poluído, favelas, as cidades têm mais uma ameaça pela frente -a disseminação ainda maior da falta de empregos.
Documento divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta o desemprego como o "problema número 1" no futuro das cidades -num prazo de 30 anos, o planeta terá mais 1,2 bilhão de pessoas à procura de trabalho.
A situação hoje já não é nada confortável. Pelo menos 820 milhões estão desempregados ou subempregados, gerando fonte permanente de tensão, criminalidade e degradação urbana.
"Combinar desemprego com alta taxa de urbanização é igual a colocar pólvora perto do fogo", disse ontem à Folha o diretor-geral Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, Maurício de Maria y Campos.
O desemprego atinge, em primeiro lugar, os países pobres, onde a população cresce a taxas mais elevadas. Em 20 anos, das dez mais populosas cidades, apenas uma ( Tóquio) não será do Terceiro Mundo.
"Até o ano 2000, metade da humanidade vai viver nas cidades e vai querer empregos. Do contrário, as cidades serão apenas zonas de desigualdade e miséria", afirmou Katherine Hagen, da direção da OIT. Cerca de 90% do acréscimo nos centros urbanos virão dos países pobres, onde 100 milhões vivem nas ruas e 600 milhões vivem em moradias sem condições de higiene.
Mas o desemprego também atinge os países ricos, criando bolsões de miséria, especialmente com a redução do papel das indústrias. O fenômeno é visível nos Estados Unidos, onde cidades têm uma desocupação quase o dobro da média nacional, próxima dos 6%.
Em Stockton (Califórnia) bate nos 14%; Newark (Nova Jersey), 12,8%; Miami, 10.5%; Los Angeles, 8,9%; e Nova York, 8,2%.
Em 1970, os 24 países desenvolvidos tinham 8 milhões de desempregados, agora são 35 milhões, 10% de toda a força de trabalho. Na Espanha, a taxa é de 25%.
A OIT sugere uma série de programas para geração de emprego, entre eles a produção de casas de baixo custo -o que ajudaria, ao mesmo tempo, a falta de moradia nas cidades.

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