São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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Direção dá 'aula' para acalmar parente
ABNOR GONDIM
Na entrada, seguranças perguntavam aos visitantes a quem eles procuravam e encaminhavam os parentes até a recepção. Ali, numa espécie de aula, os familiares eram informados pela direção que não havia motivo para preocupação. Na recepção, uma equipe de jornalistas contratada pela direção da clínica entrevistava os familiares. O gráfico aposentado Almiro Evangelista, que há menos de dois meses internou a mulher Analieta, 66, na Santa Genoveva, disse que o atendimento sempre deixou a desejar. Segundo ele, as deficiências da clínica são muitas. "Depois de internada, a minha esposa ficou 31 dias deitada sobre um colchão comum sem se mexer, pois não havia colchão de água. Surgiram feridas nas suas costas e ninguém tratava dela. Tivemos que implorar para uma enfermeira cuidar das feridas", contou. Formigas Ele disse ainda que a família dedetizou a enfermaria e a cama onde Analieta dorme, pois o lugar estava infestado por formigas. Uma outra vez, uma assistente social pediu à família que levasse um liquidificador para que a comida de Analieta fosse preparada. O aposentado Rotil Bento dos Santos, que foi visitar a sogra, Dolores, 84, disse achar que está havendo exagero no noticiário. Segundo ele, a sogra chegou a ter diarréia há cerca de um mês, mas conseguiu se recuperar. Ao contrário do que acontecia na semana passada, ontem os corredores da clínica estavam limpos. Foram colocados bebedouros em todos os andares. "Aqui é uma clínica onde as pessoas estão em estado terminal", afirmou Santos. Com o grande número de visitas, o tumulto foi grande na ala feminina. O almoço só foi servido às 14h40, 20 minutos antes do início da visitação. As enfermeiras estavam tensas e se negaram a dar qualquer informação. "Há muita precariedade, isso é óbvio. Mas quando a família vem semanalmente visitar o paciente, existe um cuidado maior até sobre o trabalho das enfermeiras. Mas existem aqueles que estão abandonados à própria sorte"', disse. À tarde, o vice-prefeito do Rio, Gilberto Ramos, e o secretário municipal da Saúde, Ronaldo Gazzola, visitaram a clínica. Segundo Gazzola, o município quer ajudar a clínica a encontrar saídas para o problema. (AG) Texto Anterior: Mais 4 morrem em clínica no Rio Próximo Texto: "Tudo não passa de armação" Índice |
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