São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Império em queda

JUCA KFOURI

É impressionante como foram poucas as análises na imprensa brasileira sobre o significado óbvio da decisão de se disputar a Copa de 2002 em dois países.
Que seria no Japão, todo mundo já sabia. Mas que a Coréia do Sul também estaria incluída foi apenas uma demonstração de força da Europa, mostrando desde agora, dois anos antes da eleição na Fifa, que não adianta a João Havelange e seus áulicos ficar plantando notinhas nos jornais nacionais sobre a inevitabilidade de sua reeleição.
Ele perdeu, e perdeu feio, exatamente por seus métodos imperiais e obscuros de gestão. Enganou os coreanos enquanto pôde, conseguindo trazer até a Hyundai para patrocinar o seu Fluminense, ajuda que acabou assim que os patrocinadores se deram conta do golpe -embora as concessionárias Daewoo distribuídas no eixo Rio-Rio Preto permaneçam em vigor.
A possibilidade de recomposição com os vacinados coreanos é difícil, mas existe. Afinal, muitos leilões serão realizados até dezembro para se tomar a decisão se a final da Copa será em Seul ou Tóquio.
Aos europeus pouco importa, na verdade. Eles querem apenas que os bilhões de dólares que envolvem uma competição dessa grandeza sejam transparentemente negociados, e a aliança com a Coréia do Sul foi mera circunstância. Eles estão cansados de saber que o Japão seria a melhor escolha.
Mas que ninguém ache que o esquema Havelange morreu. Fechada com ele, a América do Sul pode se mobilizar e propor que a Copa de 2006 seja realizada no Mercosul, um jogo em Assunção, outro em Montevidéu, mais um em Buenos Aires, quem sabe a final no Maracanã... O butim dará para todos.
*
Dificilmente Marcelinho será o artilheiro do Paulistão. Mas foram dele os gols mais bonitos do campeonato, Michael Jordan do futebol.
*
Marcelinho, Rivaldo e Giovanni são os melhores jogadores brasileiros na atualidade. Palavras de mestre Telê Santana ontem nesta Folha que, humildemente, assino em baixo, embora acrescentando os nomes de Romário e Muller.
*
Novidades no caso da fita do suborno. Lembra que o jogo Botafogo e Catanduva estava sob suspeita? Pois é. Apareceu um cheque de Laerte Alves, presidente do Botafogo, para o Catanduva. E do Catanduva para o juiz Spironelli.

Texto Anterior: Vitória do Palmeiras foi uma festa do futebol
Próximo Texto: Palmeiras explora 'tabelas' e velocidade para vencer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.