São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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"O País dos Tenentes" julga a história do Brasil
INÁCIO ARAUJO
Quarenta anos depois, essa autocrítica parece um despropósito, tal a beleza do filme. No entanto, ela se aplica como uma luva a "O País dos Tenentes" (Bandeirantes, 21h30), do diretor João Batista de Andrade. Compreender uma maneira de falar consiste, em suma, em remontar uma história. Com a fala, vêm os símbolos, gestos, comportamentos. Quando um filme histórico consegue fazê-lo, consegue também ser fiel à época que tenta retratar. "O País dos Tenentes" sofre de dois problemas paralelos. O primeiro é a presentificação da história. O Brasil dos tenentes rebeldes dos anos 20, que tomam o poder nos anos 30, é, em linhas gerais, o país em que vivemos até hoje. O filme promove uma espécie de julgamento da história. Observa-a a partir de 1987, atribui a seu personagem central, um velho militar, alguns duvidosos remorsos. Aplica aos tenentes uma espécie de segundo cérebro que, de algum modo, anula o original e nos distancia da época enfocada. Talvez por isso mesmo, acumula gestos, diálogos e formas de tratamento que, em vez de reconstituir o passado, permitem que ele se escoe diante do olhar incrédulo do espectador. Apesar disso, hoje a história é um tema preferido no Brasil. Este é o século dos tenentes. E, mesmo em seus equívocos, "O País dos Tenentes" tem a virtude de nos introduzir a um capítulo essencial da história do país. Texto Anterior: Cultura denuncia pobreza urbana do mundo Próximo Texto: Peter Yates sabe divertir Índice |
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