São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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'Dissidente' traz deboche da Cia. Baiana
DANIELA ROCHA
Mas ele é um "dissidente" do grupo desde julho do ano passado. Sua última participação no grupo foi com "A Bofetada", sucesso anterior a "Noviças Rebeldes", que a Cia. de Patifaria mantém em cartaz no Teatro Imprensa. Menezes traz a São Paulo no próximo dia 10 de junho o monólogo "Quem Matou Maria Helena?", em que coloca em cena ao mesmo tempo cinco personagens. Todos os integrantes da Cia. Baiana assistiram a este espetáculo pelo menos uma vez. "Mataria se eles não fossem ao teatro", disse. Apesar de ter sido um dos fundadores da Cia. Baiana, Menezes deixou a trupe sem brigas. "Tinha um anseio como ator de parar e ensaiar uma nova peça, mas 'A Bofetada' estava a todo vapor." Mesmo sem mal-entendidos, Menezes não esconde certo remorso por ter saído da Cia. Baiana de Patifaria. "A Cia. mostrou que a Bahia pode colocar teatro no cardápio, que ela tem o que oferecer. 'A Bofetada' formou público." Segundo ele, o que o impulsionou para deixar a Cia. foi "um desejo sadio" de fazer outros personagens, encenar Shakespeare, estudar interpretação. Menezes continua acompanhando o trabalho da Cia. de Patifaria. "Todo o público ri em 'Noviças Rebeldes', eu choro. Tremia na estréia da peça como se fosse encená-la. 'Noviças' é uma coisa maravilhosa que acontece no teatro." Apesar da distância com a Patifaria e do seu envolvimento com outros projetos que nem sempre são comédias, Menezes conta que mantém um humor parecido com o da Patifaria. "Mas também é uma coisa de baiano, uma efervescência natural no teatro." Workaholic Frank Menezes não pretende fazer tão logo algum novo espetáculo com a Cia. de Patifaria. Ele agora está envolvido com pelo menos três projetos diferentes, uma peça infantil -"A Bela e a Fera"-, peças especiais para apresentação em empresas e a produção de "Quem Matou" para trazê-la a São Paulo. "Hoje mesmo apresentei um espetáculo para a Polícia Militar. Foi um pedido da faculdade de administração e faz parte de um projeto para modernização da PM", disse. Seus personagens são um fazendeiro, um político e um travesti. O monólogo Menezes define "Quem Matou Maria Helena?" como uma comédia policial que tem momentos de drama sobre a solidão do protagonista, Mário Augusto, um detetive louco por tramas de novelas. Além de Mário Augusto, Menezes interpreta Mário César, Maria Flávia, Maria Helena -a fanha- e Maria Carmem, todos sem que ele precise sair do palco. Como? "Mudo as vozes e a cada marcação, tenho um personagem diferente." Nunca confundiu personagens devido às suas fortes personalidades. A peça foi feita sob encomenda por Claudio Simões para o ator do Ornitorrinco Ricardo Castro. "Ricardo concordou que eu lesse o texto e me apaixonei na hora pela história", disse. O enredo brinca com chavões sem cair neles, conta o ator. "Tem um momento em que Mário Augusto entra em transe para tentar decifrar quem matou Maria Helena e se lembra de todos os assassinados das novelas, de Odete Roitman a Salomão Ayala." Além disso, o enredo é recheado de "flashbacks". Menezes contracena com a sonoplastia, quando responde a telefonemas em cena. A peça surpreende o público logo de cara, segundo Menezes. "Quando todos vão ao teatro para ver uma comédia, começo o espetáculo chorando". O objetivo de Menezes é surpreender. Peça: Quem Matou Maria Helena? Autor: Claudio Simões Direção: Celso Jr. Elenco: Frank Menezes Onde: Teatro de Câmara de São Paulo (pça. Roosevelt, 184, tel. 011/259-6392) Quando: estréia dia 10 de junho, de segunda a quarta, às 21h. Até 28 de agosto Ingresso: R$ 20 Texto Anterior: Da velocidade Próximo Texto: Mantiqueira surpreende Índice |
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