São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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Mantiqueira surpreende
CARLOS CALADO
Fora o blecaute que interrompeu o show do violonista Guinga com a cantora Leila Pinheiro, a platéia da última sexta-feira mal acreditou ao ver um Hermeto Pascoal mais contido, saindo do palco após os 30 minutos de show estabelecidos pela produção. Mas o "bruxo" não deixou por menos. Exibiu três belas composições inéditas (dois choros e uma valsa), feitas especialmente para o festival, além de um intrincado arranjo de "Rosa" (composta por Pixinguinha), recheado de citações de clássicos da música popular brasileira. Outra boa surpresa deste festival -ainda mais para aqueles que não a conheciam- foi a apresentação da Banda Mantiqueira. Liderada pelo saxofonista Naylor "Proveta" Azevedo, a afiada "big band" de São Paulo levantou literalmente a platéia com seus arranjos cheios de suingue e vibração. Parentesco com o jazz Ao tocar peças menos conhecidas de Pixinguinha, como o choro "Cheguei" e a polca "O Gato e o Canário", a Mantiqueira também revelou um certo viés musicológico em seu trabalho. Esses arranjos remetem ao som das bandas de jazz e ragtime da Nova Orleans do início do século, sugerindo um curioso parentesco musical. Muito aplaudida também foi a apresentação do saxofonista carioca Zé Nogueira. O músico confirmou a boa impressão deixada pelo disco de choros que gravou há pouco. Com o alto nível musical das primeiras noites e a sensível resposta de público, o "Chorando Alto" tem tudo para continuar no próximo ano. O festival se encerraria ontem, com as apresentações da Orquestra Jazz Sinfônica, O Trio, Arismar do Espírito Santo, Marcos Suzano, Paquito D'Rivera, Cristóvão Bastos e Joel do Bandolim. Texto Anterior: 'Dissidente' traz deboche da Cia. Baiana Próximo Texto: Curta sobre Lamarca tem pré-estréia Índice |
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