São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Curta sobre Lamarca tem pré-estréia

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Lamarca volta a atacar. Depois do longa-metragem "Lamarca - O Coração em Chamas" (1994), de Sérgio Resende, é a vez de o curta-metragem "A Ordem", de Luiz Alberto Pereira, exumar o capitão que abandonou a farda para fazer a guerrilha rural no Brasil do fim dos anos 60 e início dos 70.
O curta de Pereira (diretor dos longas "A Ilha" e "Jânio a 24 Quadros") tem pré-estréia hoje, às 21h30, na sala 4 do Espaço Unibanco de Cinema.
Como no filme de Resende, "A Ordem" se concentra no período final da trajetória do líder guerrilheiro, entre sua deserção do Exército e sua morte, numa emboscada no sertão da Bahia.
Também como no filme de Resende, Lamarca é apresentado como um herói monolítico e sem ambiguidades.
Por fim, também como no filme de Resende, o drama do protagonista é engessado pelo excesso de didatismo e pela quadradice narrativa.
Problemas
Há, em particular, uma conversa telefônica (de Lamarca com a mulher) inacreditável num filme feito depois de 1940.
A decupagem da conversa entre o capitão e seus subordinados é ainda mais primária: fala cada um de uma vez, diante de uma câmera estática, e tem-se a impressão de que eles estão a pelo menos três metros de distância uns dos outros. Quando a situação é apresentada em plano geral, vemos que estão quase encostados.
A única "invenção" fica por conta da aparição de um fantasmagórico Antonio Conselheiro, com quem, sem quê nem por quê, Lamarca se encontra em Monte Santo, no final do filme.
A única intenção possível do diretor -que fez o curta graças a uma co-produção com a TV alemã ZDF- é a de fazer algumas pessoas revirarem no túmulo: Glauber Rocha, Antonio Conselheiro e o próprio Lamarca.
(JGC)

Filme: A Ordem
Produção: Brasil/Alemanha, 1996
Direção: Luiz Alberto Pereira
Elenco: Francisco Bretas, Jacqueline Cordeiro, Ligia Cortez
Quando: hoje, 21h30
Onde: no Espaço Unibanco de Cinema, sala 4 (rua Augusta, 1.470)

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