São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Peres adia a retirada de Hebron

Decisão fica para Netanyahu

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do primeiro-ministro Shimon Peres decidiu ontem deixar a decisão sobre a retirada das tropas israelenses da cidade de Hebron para o futuro governo de Binyamin "Bibi" Netanyahu.
Eleito premiê na quarta-feira, Netanyahu vai encontrar de cara o primeiro obstáculo para respeitar os seus compromissos.
O líder do Likud (direita) vai ter de decidir se honra as promessas feitas durante a campanha ou os compromissos aceitos por Israel com os palestinos.
Netanyahu disse na campanha ser contrário à retirada dos soldados que protegem as 52 famílias de judeus cercadas por 120 mil palestinos em Hebron (Cisjordânia).
Mas acordo feito pelo governo trabalhista em 1995 com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) determinava que as tropas fossem retiradas em março deste ano. A retirada já havia sido atrasada pelo governo Peres por causa de onda de ataques terroristas de radicais palestinos.
Os EUA, que patrocinam a paz na região, já disseram que esperam que o novo governo honre os compromissos com os palestinos.
O secretário de Estado americano, Warren Christopher, disse ter recebido telefonema de Netanyahu em que o israelense prometeu a continuação do processo de paz.
O governo Bill Clinton apoiou o premiê Peres em sua tentativa de reeleição, para garantir a continuidade das discussões de paz.
Ontem, o presidente da Câmara de Deputados americana, Newt Gingrich (oposição), criticou Clinton por apoiar Peres e disse que o apoio não havia ajudado o premiê.
Discurso da vitória
Em seu primeiro discurso como vitorioso, Netanyahu disse que vai buscar a "paz com segurança" em relação aos vizinhos árabes. "Faço um apelo para que novos países árabes entrem no círculo da paz."
O premiê eleito disse que pretende primeiro promover a paz entre os israelenses, pedindo a união do país. Ele não disse se honraria os acordos com os palestinos.
A OLP protestou contra o pronunciamento de Netanyahu por causa da omissão ao nome do grupo. "Infelizmente, ele ainda usa o termo 'palestinos', esquecendo que Israel já reconheceu a OLP como representante do povo palestino", disse o negociador do grupo Hassan Asfur.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, recusou-se ontem a falar sobre Netanyahu. "Aceitamos a decisão democrática dos eleitores israelense", disse, na faixa de Gaza.
Em seu primeiro discurso desde a derrota, Peres fez um apelo emocional para a continuação do processo de paz. Ele disse que a pacificação deveria seguir independente dos "sonhos" de Arafat, isto é, o Estado palestino.
Ontem, o general Danny Yatom tornou-se líder do Mossad, o serviço secreto israelense. Ele já foi secretário militar de Peres e trabalhou com Netanyahu em tropa de elite do Exército nos anos 70.

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