São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Chocado

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

FHC nem bem aterrissou e saiu dizendo estar "chocado" com a morte dos "velhinhos", como dizem na TV.
Ainda ecoa a opinião desastrada de Adib Jatene sobre as dezenas de mortos de Caruaru e agora o presidente não quer errar mais, se não nas ações, que nem existem, pelo menos nas palavras.
*
FHC fala demais.
Quem avalia é Sérgio Amaral. Na Manchete, em entrevista, o porta-voz tratou, também ele, de participar do esforço por melhor comunicação e transparência.
Com dificuldade, sorriu, tentou ser "pessoal", chegou a explicar-se:
- A minha preocupação é ser fiel. Eu acredito que o porta-voz tem que ter uma certa impessoalidade naquilo que diz. Porque as pessoas não estão interessadas na sua opinião ou na sua emoção. Na sala de "briefing", eu estou falando a posição do governo. Eu devo ser impessoal.
Deve nada. Deve dar a posição do governo, o que não é igual a ser chato.
Mas não adianta, que ele "acredita", por mais que acompanhe, estudioso, os seus expansivos colegas da equipe de Bill Clinton.
Sobre a comunicação do governo, o porta-voz avalia ter dois defeitos básicos: falta "unidade de linguagem" e falta "agilidade".
Para combater o primeiro, os "atores", como ele diz, vão ter agora que seguir o "eixo de comunicação comum", definido por ele.
Para combater o segundo, vêm aí "recursos" e agências que estarão sendo contratadas por ministérios e estatais até o mês que vem.
Sobre FHC falar demais, a crítica do porta-voz:
- Todos concordamos que o presidente muitas vezes está superexposto. O presidente fala sobre vários assuntos, e acho que alguns deles os ministérios poderiam, com propriedade, explicar.
O problema é que o presidente não se aguenta.

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