São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Tem morte toda hora'

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A garota F.V.B, 17, teve a irmã morta e um irmão baleado pelo desconhecido que passou atirando em frente a sua casa na madrugada de ontem.
"Quando ouvi os tiros, saí para procurar meu irmão, que estava na fogueira, em frente de casa, mas ele já tinha corrido."
Na procura, chegaram a ser cumprimentados pelo criminoso, que não sabiam quem era.
"Ele acenou com os dedos e passou, cambaleando. Só percebemos que era ele quem estava atirando quando R. gritou. Aí, saímos correndo."
A essa altura, o irmão e outros três garotos já haviam se refugiado na delegacia.
F. só não foi atingida porque se separou dos irmãos e entrou na casa de uma vizinha. Só saiu de lá às 2h30, levada para casa num carro da polícia.
Depois, ficou até as 5h prestando depoimento, e soube da morte da irmã por intermédio do delegado.
Até ontem, não tinha visto o corpo de Alécia nem conseguido falar com o irmão, Fábio, que ainda estava no hospital.
"O pessoal fica sempre em volta da fogueira, mas nós quase não ficamos na rua à noite. Aqui tem morte toda hora, mas nunca imaginei que fosse acontecer isso comigo."
F. cursa a 6ª série numa escola pública. Alécia também estudava. Fábio, o mais velho dos seis irmãos, trabalha como office-boy. A mãe é empregada doméstica, e o pai, mecânico.
A família veio de Palmira, na Bahia, há cinco anos.
"Não sei se vamos continuar morando em São Paulo", diz F..
(MGs)

Texto Anterior: Homem atira em 7 garotos e mata menina
Próximo Texto: Fim-de-semana tem 38 mortes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.