São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Ruth Cardoso repassa comando da delegação

DOS ENVIADOS ESPECIAIS A ISTAMBUL

A delegação brasileira estava sem chefe até ontem. José Serra, que chefiava a delegação, não foi a Istambul porque vai concorrer à Prefeitura de São Paulo.
A primeira-dama brasileira, Ruth Cardoso, aceitou apenas repartir a chefia da delegação em uma posição secundária. O cargo principal ficou com embaixador embaixador Holanda Cavalcanti.
Ontem, Ruth Cardoso disse que é preciso compreender a posição dos EUA e do Japão. Os dois países têm posição contrária à inclusão de moradia como direito universal no documento oficial da ONU.
Ruth Cardoso acha que a questão está sendo analisada de forma pouca "nuançada". "Se não, fica uma coisa muito simples. Os que são a favor, são bonzinhos. Os outros, não. Japão e EUA não podem ser contra o direito à moradia."
A posição brasileira sobre o assunto, explicou, é a seguinte: "O que se defende é a garantia de que exista uma política habitacional dirigida às classes populares".
Na sua opinião, a política habitacional do governo federal "se encaminha, depois de muitos anos, para os mais pobres".
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TURISMO - A primeira-dama aproveitou o dia de ontem para conhecer a Mesquita Azul e o Palácio de Topkapi, que visitou -frisou- "na hora do almoço". "A mesquita é uma das coisas mais maravilhosas que já vi". Ela pretende conhecer outras atrações de Istambul ao longo da conferência.
QUEM É O CHEFE? - Ruth Cardoso não soube explicar quem é o chefe da delegação brasileira na Habitat 2. "Me foi oferecido ser chefe da delegação, mas não me cabe. Vim como vice-chefe. Após a minha partida, o embaixador Holanda Cavalcanti assume a chefia." A primeira-dama e o embaixador se dizem "chefes alternos".
Ruth Cardoso disse estar muito feliz de poder aplaudir a escolha pela ONU de alguns projetos brasileiros como práticas urbanas exemplares. "Por que a gente faz tanta festa para o Oscar? Devemos continuar fazendo. Mas devemos fazer mais festa para os nossos projetos", disse.
CARTA PETISTA - No final da tarde, a primeira-dama e o embaixador Holanda Cavalcanti receberam uma carta elaborada por representantes do PT presentes à conferência.
No documento, os parlamentares, prefeitos e urbanistas pedem que a delegação brasileira "defenda ações que possam interferir de forma consistente no resgate da cidadania e na elaboração de políticas estratégicas de humanização e democratização das cidades."
O documento pede ao governo que defenda "a produção coletiva e participativa do orçamento público", uma experiência que vem sendo testada em Porto Alegre.
Outra medida proposta no documento é a "consolidação de uma política fundiária e imobiliária que condicione proprietários e empreendedores privados a contribuir para a produção habitacional".

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