São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Grande centro terá menos verba

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Cidades ineficientes vão afastar investimentos e, por consequência, empregos, gerando um círculo vicioso de miséria, advertiu ontem o Banco Mundial (Bird), durante encontro da Habitat 2.
É um risco dos grandes centros urbanos brasileiros como São Paulo ou Rio, onde o aumento da população não consegue ser acompanhado de oferta de moradia, água, esgoto, energia e transporte. As carências estimulam a violência.
"O investidor quer lugares seguros", disse Caio Koch, do Banco Mundial, afirmando que as cidades, numa economia globalizada, devem ser "mais competitivas" se quiserem atrair investimentos.
Um levantamento da revista Business Week informou, por exemplo, que empresários americanos começam a ser mais atraídos por cidades médias como Belo Horizonte (MG) porque não têm trânsito tão congestionado como São Paulo ou a criminalidade do Rio.
"O sucesso ou fracasso de uma cidade vai depender de quanto está ligada à economia globalizada", afirmou Ismail Serageldin, vice-presidente do Bird.
2015
Até 2015, haverá 27 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, a maioria delas em países pobres. Segundo a Organização Internacional, pelo menos 1,2 bilhão de novos empregos teriam de ser gerados em todo o planeta.
Mas o Banco Mundial acredita existir condições de melhorar, a baixo custo, as carências urbanas.
A instituição realizou projetos urbanos em 5.000 cidades nos últimos 25 anos e, a partir dessa coleção, afirma já ser provado que existem meios eficientes e baratos de melhorar as condições de transporte, saneamento e moradia.
Segundo o Banco Mundial, a saída passa pela descentralização. Isso significa, de um lado, maior poder às prefeituras e envolvimento comunitário. E, de outro, privatização dos serviços -são experiências que começam no Brasil, patrocinadas por prefeituras, como em Ribeirão Preto (319 km de SP).
O Bird defende a idéia de que existem empresas privadas dispostas a investir em infra-estrutura.
Seria uma dupla ajuda: trazem dinheiro que as prefeituras não têm para novos investimentos e, ao mesmo tempo, exibem melhor gerência, por sofrerem menos com envolvimento político.
No intuito de mostrar soluções, o Banco Mundial trouxe a Istambul exemplos que considera bem-sucedidos.
Um caso é o fornecimento de água na Costa do Marfim (África), realizado por uma empresa privada, alcançando 70 residências. O Banco Mundial apresentou Curitiba (PR) como a cidade que deveria servir de modelo para todos os países de Terceiro Mundo.

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