São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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A FACE DA SOCIEDADE

Goste-se ou não, o Congresso Nacional é inegavelmente o rosto da sociedade brasileira, talvez até muito mais do que o Executivo.
Afinal, cada um de seus integrantes foi escolhido livre e soberanamente pelo eleitorado, ao contrário do que ocorre no Executivo, em que unicamente o chefe é eleito.
Como a sociedade, o Congresso não é constituído de um conjunto harmônico. Não há nele apenas santos ou apenas demônios. Na verdade, há ali um pouco de tudo. Desde figuras realmente republicanas, ou seja, os que se empenham em defender a "res publica" -a coisa pública- até os que se preocupam, acima de tudo, em defender seus pequenos interesses e até mesmo seus negócios, no pior sentido dessa palavra.
É, portanto, necessário ter o máximo de cautela quando se pretende generalizar a crítica aos congressistas. Corre-se assim o risco de confundir a crítica -justa e merecida- a alguns de seus integrantes com a crítica à instituição em si.
E, nesse caso, não há como escapar ao lugar-comum: ruim com o Congresso, mas pior sem ele.
É forçoso reconhecer que parlamentares contribuem, com um comportamento indevido, para a má imagem que o Parlamento tem, como apontam inúmeras pesquisas.
Até porque é inevitável que os pecados da Casa, que são muitos, sobreponham-se às virtudes. Como de costume, uma ação escandalosa atrai muito mais a atenção da opinião pública do que uma decisão correta.
Mas a crítica aos parlamentares torna-se inadequada quando é feita apenas no momento em que o Legislativo resiste ao Executivo, por interesses supostamente menores.
Enquanto o Congresso aprovava o que o governo pedia, havia um relativo silêncio sobre o fisiologismo, embora esta Folha tivesse demonstrado, em inúmeras reportagens, que o "é dando que se recebe" funcionara também nesses momentos.

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