São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
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Para especialistas, rodízio não cura caos

MARIANA SCALZO
DO ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

O rodízio não é a cura para os problemas causados pelo excesso de carros nas cidades. Essa é a avaliação de dois especialistas ouvidos pela Folha na Habitat 2.
O sistema começa a ser implantado em São Paulo Paulo a partir do dia 5 de agosto.
No ano passado, o rodízio foi usado em caráter experimental. A adesão foi considerada baixa. Pesquisa Datafolha, feita em 95, apontou que 83% dos paulistanos aprovavam a medida e que 90% dos entrevistados pretendiam deixar os carros em casa.
Na opinião de Kyubang Lee, vice-presidente do Instituto de Assentamentos Urbanos da Coréia do Sul, um órgão ligado ao governo, São Paulo terá muita dificuldade em implementar com sucesso o rodízio aprovado anteontem pela Assembléia Legislativa.
"Nesse tipo de programa há muita violação. Não importa o valor da multa, mas o investimento para monitorar o programa", diz.
Na Coréia do Sul há cerca de 4,7 milhões de veículos -um carro para cada dez habitantes. O rodízio foi tentado uma vez, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 88, com "razoável sucesso".
Sem cobrar multa, a cidade pediu aos moradores que deixassem o carro em casa um dia a cada cinco. "A cooperação foi enorme, mas porque os motoristas sabiam que seria por apenas um mês".
Sem alternativas decentes de transporte, o rodízio de carros "dificulta muito" a vida das pessoas, na opinião de Lee.
Hoje, Seul tenta algo que São Paulo já conhece: corredores de ônibus, com multa de US$ 40 para carros que entram na área.
Em estudo, há uma medida mais drástica: cobrar uma soma em dinheiro dos veículos particulares que desejarem entrar no centro. Apresentada pela prefeitura, a idéia foi torpedeada por todos os lados e continua sendo debatida.
Bicicletas e pedestres
Em Amsterdã, 25% do movimento das pessoas é feito com bicicletas ou pedestres.
Agora, a Holanda exporta esse seu know-how para países da África. "Transporte não motorizado significa transporte moderno", diz Joep J.M. Bijlmer, responsável pelo departamento de Desenvolvimento Urbano do Ministério de Relações Exteriores da Holanda.
Dados do Swiss Center for Appropriate Technology indicam que qualquer movimentação de até 6 km pode ser feita melhor a pé ou de bicicleta do que de carro ou ônibus.
(MS)

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